Em Vitória, poderíamos está colhendo os frutos da ferrovia local!!!

Após o drama do desabastecimento,  vivenciado recentemente pela população brasileira, em virtude dos efeitos colaterais da paralisação dos caminhoneiros, o brasileiro, de maneira geral, passou a entender os motivos pelos quais, de fato, estamos todos nas mãos dos profissionais das estradas. O problema não é novo e apenas demonstra o quanto nossas políticas públicas nacionais, no que se refere aos transportes,  foram equivocadas. Aliás, mesmo depois de quase cem anos, ainda persistimos no erro, ou seja: ignorando os investimentos em ferrovias.

Segundo informações,  um terço das ferrovias que o país possui hoje, ainda é uma herança do Brasil Império. Desde as primeiras décadas do século XX – influenciada pelas multinacionais –  que priorizamos os investimentos públicos no transporte rodoviário. “Governar, é abrir estradas”, dizia o presidente Washington Luis.

Pois bem, o transporte rodoviário de carga no Brasil ultrapassa os 60% de tudo que se consome.  Em nosso estado a situação ainda consegue ser pior. Dados indicam que 86,4% das mercadorias consumidas pelos pernambucanos trafegam pelas estradas. Diga-se de passagem: 56.1% delas (estradas) inadequadas, na visão dos especialistas.  Números dão conta que apenas as 2,1% do transporte de carga no nosso estado é realizado sob os trilhos.

Com efeito, em função das plantas industriais que aportaram em nossas terras, nos últimos quinze anos, tivemos um aumento considerável do tráfego de caminhos e carretas circulando pelo entorno da nossa Vitória de Santo Antão. Em contrapartida não tivemos praticamente nenhum investimento estruturador na nossa região que possa atenuar os impactos dessa nova demanda.

Na qualidade de cidade privilegiada, tanto com os recentes investimentos fabril e como uma das primeiras cidades do estado a contar com o transporte ferroviário, iniciado lá no final do século XIX, Vitória, com a chegada do trem,  conjugou o verdadeiro desenvolvimento econômico,  ao servir de ponto de ligação entre a capital e o interior. Partindo do Recife até a cidade sertaneja de Salgueiro, a locomotiva,  em vários trechos desse percurso,  chegavam a “caminhar” lado a lado com os carros,  que trafegavam pela BR 232. Os mais velhos devem lembrar dessas  cenas…..

Após o sucateamento de grande parte da malha ferroviária pernambucana nossa cidade, Vitória de Santo Antão, foi uma das que mais sofreu com os impactos nocivos dessa paralisação. Não obstante todos os efeitos econômicos dessa cadeia produtiva, as duas últimas gestões municipais, diga-se “Governo Que Faz” e “Governo de Todos”, comandados, respectivamente, por José Aglailson e Elias Lira,  cuidaram sepultar, por assim dizer, todas as esperanças de voltarmos a utilizar o trem,  como forma alternativa de transporte, uma vez que praticamente todo perímetro urbano, antes ocupado pelos trilhos, foram INVADIDOS pelos  correligionários e/ou apadrinhados dos dois grupos políticos.

Não fosse esse pontual desserviço à coletividade vitoriense, hoje, poderíamos ser uma das pouquíssimas  cidades do interior do Brasil com possibilidade totalmente viável de transitar com VLT – Veiculo Leve sobre Trilhos.

Para se ter uma ideia da importância dessa operação, basta dizer que um trabalhador que morasse no bairro do Cajueiro, por exemplo, e trabalhasse em alguma industria,  localizada no nosso distrito industrial, ou mesmo uma família que  morasse no bairro de Campinas e quisesse passear no Vitória Park Shopping, poderiam, pagando passagem baixíssimas, trafegar de trem, com todo conforto e segurança.

Em detrimento da vantagem pessoal de alguns “sortudos”, que usaram terrenos com para as mais variadas construções,  toda coletividade,  e até as gerações vindouras, continuarão pagando um preço muito alto por esse tipo de  políticas públicas populistas e demagógicas.

Queira Deus que nos próximos debates políticos, com vistas às eleições presidenciais que se avizinham,  o tema das ferrovias seja debatido com a seriedade devida, pois, do mais simples trabalhador ao mais rico industrial, doravante, todos já estão cientes de que se os caminhoneiros se organizaram com mais planejamento, o Brasil TRAVA!!!

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