ATO EM DEFESA DO TRANSPORTE ESTUDANTIL INTERMUNICIPAL.


Está marcado, para o dia 1º de abril, em Vitória de Santo Antão, PE, um ato em defesa do retorno do transporte estudantil intermunicipal. A data é simbólica: representa uma tradição de “meias verdades”, falta de transparência e desrespeito da prefeitura para com os estudantes usuários desse transporte. O serviço que vem sendo oferecido há pelo menos dezesseis anos pela prefeitura da cidade foi cortado de repente, deixando mais de mil estudantes desamparados. Muitos desses, sem poderem custear as passagens diárias para a capital, viram-se obrigados a trancarem o curso na faculdade. Apesar do momento atual ser crítico, o descaso com os universitários do município tem uma longa história.

Entre as regiões interioranas, não é apenas o município de Vitória que costuma (ou costumava?) disponibilizar ônibus para transportar estudantes até Recife, de modo que esses possam ter acesso a cursos superiores que, na maioria das vezes, só existem nas faculdades da capital. As cidades de Pombos e Carpina, por exemplo, mesmo sendo municípios menores e, portanto, com menor arrecadação de impostos, também oferecem o mesmo tipo de serviço, porém, com veículos minimamente descentes e com a manutenção em dia, sendo, por isso mesmo, bem mais seguros.

Nesse sentido, muito antes do serviço ser descontinuado, os usuários do transporte intermunicipal de Vitória sempre reclamaram do risco de vida que corriam nas estradas devido às condições precárias dos ônibus. Não foram poucas as vezes em que esses veículos apresentaram defeito em plena pista. E, se o risco de acidente por falha mecânica já poderia ser considerado alto, os ônibus ainda costumavam quebrar em horário noturno, deixando os passageiros vulneráveis a assaltos.

Diante de tudo isso, em 2013, os estudantes se reuniram e deram origem ao movimento que ficou conhecido como #RegulaBusão. Visando cobrar condições mínimas de segurança e humanidade no uso dos ônibus, esse movimento estudantil já organizou diversas passeatas e marcou reuniões com vereadores e representantes da prefeitura para apresentar e cobrar suas pautas.

Dentre os avanços obtidos, está o decreto do então prefeito da cidade em 2015 para “regulamentar” o transporte. Entretanto, a regulamentação nunca foi, de fato, efetivada. Esse decreto sempre foi insuficiente para que a prefeitura, em sua totalidade, reconhecesse o transporte como um direito real, mesmo com cerca de trinta e cinco viagens diárias e aproximadamente mil estudantes atendidos por quase duas décadas. Aos poucos, sem revisão, os ônibus foram sendo sucateados e os estudantes, cada vez mais, sofriam com o desrespeito.

Assim, devido à indignação desses, o movimento #RegulaBusão teve seu ápice numa audiência pública na Câmara Municipal em 12 maio de 2015, quando se reuniram cerca de 200 estudantes para cobrar a regulamentação definitiva do transporte estudantil intermunicipal. Porém, a câmara alegou não haver recursos municipais para arcar com os custos de um transporte regulamentado (ainda que esse mesmo transporte já estivesse sendo custeado há anos de forma irregular). Logo, a audiência teve um final negativo e o “status quo” foi mantido.

Desse modo, a situação do transporte agravou-se no começo de 2016. Com o aumento do número de estudantes e também redução da frota de ônibus disponíveis (pela falta de manutenção), as condições do serviço prestado aos universitários se revelaram vergonhosas. Aproveitando o ano eleitoral, os estudantes, então, passaram a se mobilizar para conhecer os candidatos a prefeito e convencê-los a assinarem um termo de compromisso com a situação alarmante do transporte intermunicipal. Apenas um dos candidatos recusou-se a assinar o termo. Por infeliz coincidência, esse se tornou, por fim, o prefeito eleito para governar o município de Vitória a partir de 2017.

Mesmo assim, já no dia 05 de janeiro de 2017, um grupo de estudantes teve a primeira reunião com representantes da prefeitura para discutir a situação do transporte. A nova gestão (que tinha a renovação da frota de ônibus como uma das promessas de campanha em 2016) justificou a ausência do transporte, num primeiro momento, afirmando ainda desconhecer as contas pendentes da prefeitura e precisar de tempo para os trâmites burocráticos naturais de uma transição de governo. Contudo, passados dois meses, o discurso muda, as justificativas se tornam orçamentárias e o serviço segue sem prazo de retorno. Na verdade, desde o início da nova gestão, os antigos ônibus sequer serviram aos estudantes em algum momento.

Por fim, é necessário ressaltar que a ausência do transporte estudantil intermunicipal é um problema que afeta a cidade como um todo. Pois, apesar de parecer um problema isolado, suas consequências levarão a um significativo agravamento da desigualdade social em Vitória de Santo Antão. É certo dizer que muitos futuros profissionais vitorienses, inevitavelmente, terão de escolher aquilo que terão de abandonar: o curso ou a cidade. Em ambos os casos, Vitória perde. Em ambos casos, perdemos, todos.

Movimento RegulaBusão.

2 pensou em “ATO EM DEFESA DO TRANSPORTE ESTUDANTIL INTERMUNICIPAL.

  1. Um passarinho me contou que o prefeito esta delegando as demandas políticas para o seu filho, logo quem quiser resolver broncas de banco feira,IPTU vencido, licença de obra, invasão, agua, transporte,,,,procure Aglaílson Vitor. Por baixo dos panos ele resolve tudo, é só conferir!….( fica a dica)

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