Com raras exceções os argumentos dos políticos brasileiros, após a posse, tornam-se uma coisa só. Falar em crise ou na escassez de dinheiro é lugar comum. Aliás, se é uma coisa que a esmagadora maioria da população entende bem, é da situação inversa do adágio popular que diz: “querer é poder“.
Pois bem, recentemente, na cidade do Recife, os parlamentares da Câmara de Vereadores – que também alardeiam a tal crise financeira – presentearam-se com um aumento de 50% na engorda de um tal “auxilio alimentação”. Essa verba, em tese, foi criada para “ajudar” os coitadinhos dos vereadores a almoçarem fora de casa.
Com o aumento, a verba que girava em torno de R$ 3.000,00 pulou para R$ 4.500,00. Moral da história: a manobra vazou para imprensa e o caso ganhou grande repercussão negativa. Os coitadinhos dos vereadores da Capital pernambucana, então, optaram por recuar e cancelaram o aumento. Agora, após a opinião pública descobrir que havia essa tal verba, estão se avolumando os movimentos para sua completa extinção.
Dias atrás, disse aqui: “esperteza, quando é muita, vira bicho e come o dono”. Nas casas legislativas, quer sejam municipais, estaduais ou federais, o dinheiro sobra. Como aumentar os próprios salários desperta a ira dos eleitores – que recebem baixas remunerações – os vereadores, nas caladas, se entendem para inventar artifícios com nítida intenção de meter a mão -“legalmente”- no dinheiro do povo. Portanto, ficar de olho e acompanhar essas manobras é dever de todo cidadão.
Outro dia, aqui na Vitória, um parlamentar subiu à tribuna da Casa para dizer que o salário era pouco. O debate não é simples, é complexo! Se comparado a massa salarial local, não é. Mas, se for para o vereador fazer o papel do poder executivo é. O “X” da questão está justamente nos desvios das funções. Se cada qual – prefeito e vereador – cumprissem bem os seus papeis, todos sairiam ganhando, sobretudos os que mais precisam. Para tanto, bastava o prefeito não “legislar”e os vereadores apenas criar leis, para melhorar e facilitar a vida da população, e fiscalizar, com rigor, os atos do Poder Executivo. Simples assim!!!