50 anos: da 1ª eucaristia à longevidade autônoma……..

50 anos se passaram. O mesmo desejo, a mesma vontade,  coincidentemente, no mesmo lugar. Na parte inicial da história, vivenciada  no domingo,  09 de novembro de 1975, reinava  o ineditismo, o sagrado,  misterioso e supremo.  Em 2025, meio século depois, uma  realidade nua e crua, o esforço consciente,  apostando na colheita frutificada em forma de  longevidade autônoma. Mas a vontade  foi a mesma: correr, correr e correr., 

Essa foi a vontade soberana que ligou os dois recortes temporais, separados por exatamente 5 décadas, sublinhadas, aqui, em forma de registro histórico. 

Explico:

No longínquo domingo, dia 09 de novembro de 1975, guiado pelo farol da expectativa, aos 8 anos de idade, acordei-me sem  a necessidade de fatores externos. Isto é: ninguém precisou me chamar. Após muitos encontros, aulas  de catecismo e ensaios, finalmente, havia chegado o dia da minha primeira comunhão.

Cabelo devidamente cortado, roupa nova para vestir e nos pés,  sapatos zero quilometro.  O “kit eucaristia” nas mãos,  cuidadosamente guardado para testemunhar,  ratificar e acessar, com fé de ofício,  a universal  fé católica.

Lembro-me como se fosse hoje: papai tomava café na sala e,  ali mesmo, de pé, em cima de um  sofá, após o banho, mamãe penteou  meus cabelos e arrumou-me  todo. Ao final, com voz imperativa,  disse : “agora,  fique sentado no terraço, quieto,  para não amassar a roupa, esperando a hora de ir” – o que prontamente foi realizado com sucesso.

Da minha casa  – Avenida Silva Jardim, número 209 – até a Igreja da Matriz, para chegar logo,  minha vontade era apenas uma: correr, correr e correr….

O tempo seguiu na sua contagem  impiedosa, constante, perene, sem vexame  ou mesmo atrasos, para chegarmos a uma  manhã de domingo, num “mesmo” 09 de novembro, à mesma Avenida Silva Jardim, defronte da imponente e secular Matriz de Santo Antão, há exatamente 50 anos, para participar de um evento esportivo, cujo o desejo reinante era  o mesmo de antes,  ou seja:  correr, correr e correr….

Situações traçadas, alinhavadas e equacionadas pelas mãos daquilo que acostumamos chamar de destino, acontecem todos os dias, cabendo a nós, simples mortais, fagulhas de um  vulcão em erupção ou mesmo um ponto de escuridão situado na imensidão cósmica, termos a sensibilidade para torna-los importantes e únicos, ou seja: silenciosamente, vivenciá-los de maneira  marcante, celebrando-os com um brinde à memória.

Aliás, vale sempre lembrar: ninguém poderá  ser sujeito útil  à coletividade ou mesmo aos mais próximos,  sem antes, saber existir para si mesmo, sem comparações, afinal,  somos uma peça rara e exclusiva,  no sempre misterioso mercado  da existência. 

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