Nasceu o paraense João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha, em 1790, na cidade de Belém. Aos 14 anos de idade, informa um biógrafo, era “ escrivão a bordo de uma escuna de guerra”, e porque morou no sítio “Memória”, nos arredores da cidade natal, foi o “João da Memória”, na boca do povo. Espirito rebelde, inclinado às agitações partidárias, vestindo a farda de soldado, teve, Tenreiro Aranha, papel saliente, na marulhosa política do Pará. Obteve, nas revoluções paraenses, vitórias e derrotas.
Reconhecida, a 15 de agosto de 1823, no Pará, a Independência do Brasil, travou-se, pouco tempo depois, luta feroz, e sangrenta, entre aqueles que apoiavam o jovem D. Pedro I e os que se batiam, impatrioticamente, pela restauração da velha tirania portuguesa. Batalhou, Tenreiro, ao lado dos nacionalistas do primeiro Império. O jornal “Opinião”, foi o reduto de suas convicções políticas. Perseguido, exilou-se nos Estados Unidos, e depois , no Rio de Janeiro, donde regressou ao torrão nativo, na época tormentosa da regência. Herdeiro de da veia poética do pai, o poeta Bento de Figueiredo, escreveu, na viagem triste para o exílio, conta um historiador, o poema “Suspiro de três proscritos”.
Desencadearam-se, na terra paraense, de 1831 a 36, da abdicação de Pedro I à derrota fragorosa da Cabanagem, motins e rebeldias. Reinou, nesse quinquênio de sangue e de maldições, a anarquia política. Passaram, pela cadeira do poder, vários presidentes, que experimentaram triunfos e revezes, apoiados, ora, nas armas do exército, e ora nas armas do povo. E ao lado, às vezes, do governo, e às vezes, guiando as multidões, esteve, sempre, Tenreiro Aranha, ao lado da boa causa, defendendo as ideias da liberdade. Amigo dedicado do bravo Cônego Batista de Campos, chefe corajoso dos “filantrópicos”, o acompanhou, Tenreiro, nos combates vitoriosos e nas lutas desafortunadas.
Trazia, nos punhos da farda, os galões de capitão da cavalaria, em 1838, escreve um biografo, quando serviu, no Pará, ao presidente Andréa. Representou, em 48, o povo de sua terra, na Assembleia da Província, e em 1852, recebeu Tenreiro, a distinção de ser o 1º presidente, em 1852, da Província do Amazonas, instalada nesse ano.
Morreu o lutador paraense, no dia 19 de janeiro de 1861, aos 72 anos de idade. Na história gloriosa do Pará, ninguém esquecerá o nome de Tenreiro Aranha. Figurará ao lado de Patroni, do cônego Campos, e de Eduardo Francisco Nogueira, o Angelim, o bravo cearense, que mereceu, da pena de Dilke de Barbosa Rodrigues, jovem e brilhante historiadora, palavras de afeto e elogio.
Célio Meira – escritor e jornalista.
LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reúno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.