Lembranças vitorienses em Nuremberg – Marcus Prado.

 

UM PROJETO há muito desejado: conhecer, na histórica cidade alemã de Nuremberg, localizada ao sul do país, a Albert-Durer-Haus, casa-museu onde viveu um dos mais notáveis artistas e gravadores do Renascimento, Albrecht Durer (1471-1528). Ao chegar ali, lembrei-me de imediato da bela edição do livro do Dante: A “Divina Comédia”, que li pela primeira vez na biblioteca do Instituto Histórico da Vitória de Santo Antão. Trata-se de uma edição histórica, porque foi toda ilustrada pelo famoso pintor.

Ao chegar à casa de Durer, uma agradável surpresa me deixou maravilhado: a sala que se localiza no térreo abriga uma prensa de madeira (que pertencia ao pintor) semelhante à de ferro que existe hoje no museu do Instituto Histórico da Vitória de Santo Antão. É uma relíquia histórica, do antigo jornal O LIDADOR, que poucas cidades possuem iguais no mundo. Durante os dias que passei nessa cidade, reservei um tempo para conhecer um dos mais encantadores museus da Europa, o Spielzeugmuseum. Os soldadinhos de chumbo mais famosos do mundo estão expostos nesse museu. São a maior atração. Ao vê-los, lembrei-me de imediato dos soldadinhos que meu pai comprava na loja vitoriense de Nabi Kouri, para me dar de presente.

MUITOS ANOS SE PASSARAM, o tempo levou para longe de mim os soldadinhos de chumbo que meu pai me dera, mas eles não saíram nunca da memória. Revejo-os agora, não iguais, mas parecidos, no museu de Nurenberg. Quase iguais àqueles que perdi na Rua das Pedrinhas, perto da casa de Isolda. (Era minha namorada, só na imaginação, ela nunca soube disso…).

A FONTE GÓTICA, apontada como a maior atração da cidade (que se destaca mundialmente como grande produtora de livros de arte), é de rara beleza. Ela me fez lembrar as duas fontes luminosas que existiam no passado vitoriense: das Praças Leão Coroado e do Rosário. Ambas, quando funcionavam, à noite, no meu tempo de menino, nos davam uma imensa sensação de prazer. Em Nuremberg ninguém ousa, sequer, tirar uma só gota de água de sua fonte famosa. Na minha terra, deixam as fontes luminosas secar e as luzes que nelas existiam estão para sempre na escuridão do tempo.

Marcus Prado – jornalista. 

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