O atentado à OAB – @historia_em_retalhos.

Rio de Janeiro, 13h:40min do dia 27 de agosto de 1980.

O país caminhava lentamente para a abertura do regime político, com a promulgação, um ano antes, da Lei da Anistia (1979).

Naquele 27 de agosto, o ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence estava no exercício da presidência da OAB nacional, visto que o titular Eduardo Seabra Fagundes estava viajando.

Pertence retornava do almoço quando percebeu uma movimentação estranha no prédio da entidade, no centro do Rio de Janeiro.

Um atentato acabara de acontecer.

Uma carta-bomba endereçada ao presidente Seabra Fagundes fora aberta por sua secretária Lyda Monteiro, que teve o braço decepado, além de outras mutilações, vindo à morte.

No mesmo dia, outros dois atentados aconteceram no RJ: uma bomba explodiu na Câmara Municipal, ferindo gravemente José Ribamar, assessor do vereador Antonio Carlos de Carvalho, e mais quatro pessoas, e uma terceira bomba, de madrugada, foi detonada no jornal Tribuna da Luta Operária.

Quem estava por trás de tais atos?

Em 2015, a Comissão Estadual da Verdade do RJ conseguiu ter acesso a uma testemunha ocular que trabalhava na OAB.

Com base em seu depoimento, a comissão identificou a participação do sargento Magno Cantarino, codinome Guarany, que entregou a bomba pessoalmente na sede da OAB.

Além dele, o sargento Guilherme Pereira, que confeccionou o artefato, e o coronel Freddie Perdigão, que coordenou a ação.

Restou constatado que os agentes militares que participaram da ação contra a OAB foram os mesmos envolvidos no fracassado atentado a bomba do Riocentro.

Em verdade, tais ações eram praticadas por grupos extremistas dentro do próprio governo militar, insatisfeitos com o início da abertura política.

Dona Lyda tinha 59 anos, 44 deles dedicados à ordem.

Cerca de 6 mil pessoas acompanharam o seu enterro, em oito quilômetros de caminhada, até o cemitério, em Botafogo.

Dona Lyda transformou-se em mártir e a morte dela virou um símbolo da resistência à ditadura militar.

O dia de sua morte tornou-se o Dia Nacional de Luto dos Advogados.

Este fato é considerado um marco na história da OAB.
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