Riocentro, o atentado que falhou – por historia_em_retalhos.

Vivia-se o ano de 1981.

Naquele momento, o Brasil caminhava a passos lentos para a redemocratização do país.

Ao assumir o poder, em 1979, Figueiredo deu continuidade ao distensionamento político iniciado por Geisel, gerando inconformismo nos setores mais radicais do regime e nos órgãos de informação e repressão da ditadura, como o CIE, o SNI e o DOI-Codi.

Para estes órgãos, o fim da ditadura representaria, também, o fim de suas próprias existências e os seus membros receavam um possível revanchismo por parte da oposição democrática, caso esta assumisse o poder.

Então, a lógica era simples: era interessante para estes setores que a “esquerda” voltasse a se envolver na luta armada, de modo a justificar o acionamento de mais repressão política.

Na falta de um perigo real, valia tudo, inclusive, forjar ameaças para fundamentar uma volta à repressão e, dessa forma, dar-se maior importância aos órgãos de segurança.

Foi assim que, na noite do dia 30 de abril, durante as comemorações do Dia do Trabalhador, no #riocentro, onde se apresentavam artistas como Elba Ramalho e Gonzaguinha, duas bombas foram levadas ao local, num carro Puma GTE, com o objetivo de promover uma tragédia e imputá-la às organizações de esquerda, pondo fim ao lento processo de abertura política.

Uma falha não premeditada, porém, comprometeu os planos.

Com o evento já em andamento, uma das bombas explodiu prematuramente dentro do carro onde estavam o sgto. Guilherme Pereira e o cap. Wilson Machado, no estacionamento do Riocentro, matando o sargento e ferindo gravemente o capitão Machado.

Todas as tentativas de encobrir o fracasso da operação e culpar as organizações de esquerda foram frustradas.

Em 2014, a Comissão Nacional da Verdade concluiu que o atentado fez parte de uma ação articulada do Estado brasileiro.

Ao fim, o episódio tornou-se um marco da decadência e do esgotamento do regime militar no Brasil, que daria lugar, quatro anos mais tarde, ao restabelecimento da democracia no país.

Jamais aceitemos revisionismos históricos de ocasião.

#ditaduranuncamais
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