Saudosos mestres sineiros vitorienses – por Marcus Prado.

Louvo o oficio dos saudosos mestres sineiros de minha terra natal, da Matriz de Santo Antão e da Matriz do Livramento. Nunca esqueci o som desses sinos, ainda mais quando, por mais de uma vez, ouvi os sinos da Catedral de Notre Dame e de algumas catedrais do Leste Europeu, onde a tradição dos sinos tem se mantido mais fiel ao passado.

Por meio da linguagem dos sinos – herança rítmica do passado remoto – eles transmitem mensagens ligadas aos ritos da igreja cristã, pareciam falar. Além de marcar o tempo, são seus toques e dobrados, emitidos do alto das torres das igrejas, que informam aos moradores sobre os acontecimentos de interesse coletivo: uma procissão, um falecimento, uma festa, um parto, um incêndio.
A linguagem sonora dos sinos não é para qualquer um.

Já que se fez nesse mundo tantos congressos e seminários sobre tantos temas, mas não fizeram até hoje um encontro mundial de mestres sineiros, tendo como ambiente a Catedral da Sé, em Olinda e suas torres sineiras, deixo aqui a minha lembrança. Memória e criatividade estão no cerne do ofício dos sineiros. Na minha terra vitoriense (vitoriense, sim, sem essa de ANTONENSE), no meu tempo de menino, além de um famoso sacristão e mestre, que morava na mesma rua da Igreja, havia um eventual substituto, o doidinho. O que tinha de doido, tinha de afinado nos acordes dos sinos seculares.

Marcus Prado – jornalista. 

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