O que esse canhãozinho rechonchudo tem de especial? – por historia_em_retalhos.

Se você nunca ouviu falar dele, eu vou te apresentar: este é “El Cristiano” (“O Cristão” ou “O Cristiano”, em português), veterano da Guerra do Paraguai (1864/1870), que foi fabricado em meio às turbulências do conflito com o bronze fundido de vários sinos de igrejas paraguaias (daí o nome “O Cristão”).

Há mais de 150 anos, o personagem do nosso post de hoje protagoniza uma polêmica entre Brasil e Paraguai.

“El Cristiano” participou da Batalha de Curupaiti, em 22.09.1866. Durante a sucessão de episódios bélicos, o Exército brasileiro apoderou-se dele, como um “troféu de guerra”, por vê-lo como uma das relíquias daquele confronto que é considerado o maior conflito armado internacional da história da América Latina. Hoje, integra o acervo do Museu Histórico Nacional, no RJ (foto).

Ocorre o seguinte: o Paraguai nunca aceitou “El Cristiano” como um patrimônio brasileiro e, até hoje, reivindica a sua devolução, por considerá-lo um herói nacional, um símbolo da bravura e da soma de esforços do povo paraguaio. Como demonstração dessa mágoa, em 01.03.2013, o presidente Federico Franco afirmou: “Não haverá paz, nem entre os soldados, nem entre a sociedade paraguaia, enquanto não for recuperado o canhão “El Cristiano”.

Por sua vez, o Brasil invoca o Direito de Guerra, previsto no “Convênio Relativo ao Trato Devido aos Prisioneiros de Guerra”, de 12.08.1949, assinado em Genebra/Suíça, que prevê que os bens capturados do inimigo, durante a ação militar, são considerados “botins de guerra” e que, portanto, pertencem à potência captora (G.III.18).

Após 1870, vários atos bilaterais já foram praticados entre os dois países para tentar superar as cicatrizes do passado. Em 1957, Juscelino Kubitscheck construiu a Ponte da Amizade. Em 1980, o general João Figueiredo devolveu a espada de Solano Lopes e, em 1982, foi construída a Usina Binacional de Itaipu.

A mágoa com o canhão, porém, permanece.

Na sua opinião, o Brasil deveria devolver “El Cristiano”, como um gesto de respeito e sinal de amizade ao povo paraguaio? Ou não? Guerra é guerra e esse espólio pertence ao Brasil?

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