Tancredo de Almeida Neves, faleceu esta noite – por historia_em_retalhos.

“Lamento informar que o Exmo. Sr. Presidente da República, Tancredo de Almeida Neves, faleceu esta noite no Instituto do Coração, às 10h:23min”.

Com estas palavras, em 21 de abril de 1985, o porta-voz da presidência Antônio Britto anunciava o falecimento do primeiro presidente civil eleito, após 21 anos de autoritarismo.

O Brasil inteiro chorou, em um dos maiores funerais da história do país.

Articulador da redemocratização, o mineiro de São João del-Rei imortalizou-se como o “fiel da transição”, naquela difícil quadra da história.

Opositor moderado do regime militar, foi escolhido para ser o candidato do bloco oposicionista nas eleições indiretas do Colégio Eleitoral, após a derrota da Emenda Dante de Oliveira, que tentara restaurar o voto direto no Brasil.

Saudado como o “candidato da conciliação”, foi eleito presidente, no dia 15.01.1985, recebendo 480 votos contra 180 dados a Paulo Maluf.

Quis o destino que Tancredo passasse a sentir fortes dores abdominais dias antes de sua posse.

Temia-se que os militares da chamada “linha-dura” recusassem-se a passar o poder ao vice-presidente José Sarney.

Em 14.03, véspera da posse, Tancredo foi internado, às pressas, em Brasília, e, após, levado para São Paulo.

Foi um longo calvário de 38 dias, sete cirurgias e uma traqueostomia.

O país acompanhou tenso e comovido.

As ruas próximas ao hospital transformaram-se em local de vigília.

Em 21.04, Tancredo não resiste e morre.

A versão oficial informava que fora vítima de uma diverticulite, mas apurações posteriores indicaram que se tratava de um leiomioma benigno, porém infectado.

Os médicos esconderam, até o fim, a existência de um tumor, devido ao impacto que a palavra câncer poderia provocar naquele momento.

Sarney assume e cumpre a promessa de Tancredo de convocar a Assembleia Nacional Constituinte, que deu ao país a Carta Cidadã de 1988.

“Coração de Estudante”, de Milton Nascimento, marcou o episódio na memória nacional.

Em tempos de extremismo e culto à desumanidade, trazer, novamente, o legado de moderação e conciliação de Tancredo Neves faria muito bem ao país.
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