Cabo Anselmo – por @historia_em_retalhos.

Cabo Anselmo: o agente duplo da ditadura militar brasileira.

Este é José Anselmo dos Santos, um ex-marinheiro, que se tornou o mais conhecido agente infiltrado do regime militar brasileiro.

Finalmente, quem foi este personagem?

A relação de Anselmo com o golpe de 64 teve início ainda quando de sua eclosão.

Dias antes da tomada do poder pelos militares, integrantes da Marinha haviam se rebelado dentro de um sindicato, no RJ.

A Marinha queria a prisão dos rebelados, pela quebra da hierarquia, mas o presidente Jango anistiou os revoltosos.

Anselmo era o presidente da associação dos marinheiros, sendo expulso da corporação e preso.

Nos primeiros anos do regime, integrou a Vanguarda Popular Revolucionária e chegou a receber treinamento em Cuba.

Em 1971, porém, foi preso novamente e decidiu passar a servir ao regime.

O cabo tornou-se informante do Dops, em SP, comandado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, um dos mais notórios chefes da repressão.

A partir daí, lamentavelmente, praticamente todos os militantes que se encontraram com Anselmo foram presos ou mortos pela ditadura.

Em janeiro de 1973, o cabo teve participação direta em um dos episódios mais terríveis e cruéis daquele período, que aconteceu em PE, o chamado “Massacre da Granja de São Bento”.

Infiltrado, ele atraiu para PE o maior número possível de militantes, entregando-os para uma emboscada executada por Fleury.

Seis pessoas foram mortas.

Entre as vítimas, estava Soledad Barrett, acreditem, então namorada de Anselmo e grávida de 4 meses.

Ela recebeu quatro tiros na cabeça e foi encontrada nua, dentro de um barril, numa poça de sangue, com o feto em seus pés.

O informe feito pelo cabo sobre a companheira tinha o título de “Relatório de Paquera”.

Em verdade, entre as organizações de esquerda, já circulava a desconfiança de que Anselmo havia mudado de lado, antes mesmo de ser preso, por Fleury, em 1971.

Segundo os cálculos do próprio cabo, em entrevista ao Roda Viva (2011), ele ajudou a ditadura a prender ou a matar cerca de 200 pessoas.

Anselmo morreu no dia 15.03.2022.

Os seus crimes jamais foram punidos.
.
Siga: @historia_em_retalhos

https://www.instagram.com/p/CbSI_sGuuQa/?utm_medium=share_sheet

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *