“Marcha das Margaridas” – por historia_em_retalhos.

No dia 12 de agosto, periodicamente, milhares de mulheres trabalhadoras rurais (agricultoras, pescadoras, indígenas, quilombolas, etc.) reúnem-se em Brasília e realizam a “Marcha das Margaridas”, uma manifestação de resistência e luta.

O movimento é marcado pelas camisetas lilás e pelos chapéus de palha decorados com flores de margaridas. 🌼

Mas, por que o dia 12 de agosto e por que a flor margarida?

A data escolhida lembra a morte da trabalhadora rural e líder sindicalista Margarida Maria Alves, assassinada em 12 de agosto de 1983, quando lutava pelos direitos dos trabalhadores rurais, em Alagoa Grande/PB.

Margarida foi uma das primeiras mulheres a exercer um cargo de direção sindical no país.

Expulsa da terra onde nasceu por latifundiários, aos 22 anos, desde então, passou a lutar pelo homem do campo.

Tornou-se presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, em 1973, notabilizando-se por cobrar carteira assinada, férias, 13.° salário, jornada de 8 horas, fim do trabalho infantil e o acesso à educação.

Na noite de 12.08, na presença do marido e do filho de 8 anos, que brincava na calçada, Margarida abriu a porta de sua casa para um desconhecido.

Indagada se ela era “dona Margarida”, respondeu que sim, levando um tiro no rosto de espingarda calibre 12.

Naquele ano, Margarida movia 72 processos na Justiça do Trabalho contra usineiros e fazendeiros.

O Ministério Público denunciou 3 pessoas: Antônio Regis e os irmãos Amauri e Amaro do Rego, que seriam os executores.

Em 1988, Antônio foi absolvido, por falta de provas. Um outro homem foi morto, 3 anos após o crime, após ter confessado participação.

Em 1995, o MP denunciou os fazendeiros Aguinaldo Veloso, Zito Buarque, Betâneo Carneiro e Edgar Paes, como mandantes.

Apenas Zito, que ficou preso por 3 meses, foi levado a julgamento, restando absolvido, em 2001.

O crime nunca foi resolvido.

Na fachada da casa onde Margarida morou, está escrita a sua célebre frase, que virou símbolo da luta sindical no Brasil:

“Da luta não fujo. É melhor morrer na luta do que morrer de fome”.
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