Em ano de eleições gerais o filme nos guias eleitorais quase sempre ocorrem em forma de reprise, sobretudo na Terra dos Altos Coqueiros: é caboclo de lançar prá lá, é maracatu prá cá. É ciranda exaltada à celebração de um povo guerreiro, são cantadores de violas e repentistas ganhando voz e vez. Passada a euforia no mundo do faz de conta das campanhas políticas, em se tratando de cultura, tudo que outrora foi central doravante tornar-se-á periférico no real mundo das administrações públicas. É triste, mas é verdade…..
Recentemente, acompanhei mais uma história triste, publicada na imprensa, envolvendo um legitimo representante da cultura popular nacional e estadual. Em vários espetáculos pelo mundo, dizia o renomado percussionista Naná Vasconcelos: “ eu sou um Brasil que o Brasil não conhece”. Depois de fazer a viagem sem volta, em 2016, o acervo da sua obra gigante, segundo a viúva Patrícia Vasconcelos, é ignorada pelos poderes públicos. É lamentável.
No micro mundo antonense, por assim dizer, ainda bem que temos um espaço físico – com alma e sentimento – para salvaguardar a memória da sua gente, dos fatos marcantes e dos seus vultos. Ao viajar pelos corredores impregnados de informações relevantes, o visitante do Museu do Instituto Histórico e Geográfico da Vitória de Santo Antão tem a certeza que na terra de Nestor de Holanda, Maria do Carmo Tavares de Miranda e Osman Lins, entre tantos outros, o esquecimento é palavra proibida.
Mas nem tudo são flores. Espaços culturais genuínos sofrem da falta de reconhecimento geral e, sobretudo, dos poderes constituídos. As vezes o grito é necessário para incomodar os ouvidos daqueles que se fazem de moucos.
Pois bem, para avançar ainda mais nessa missão de preservação de memórias um embrião está sendo formatado na “Casa do Imperador”, no sentido da criação de um espaço para que as pessoas – ainda em vida – possam programar seu legado e sua história, para que continuem vivendo através dos seus objetos e sentimentos mais cristalizados, mesmo depois da partida certa, ou seja: tudo será programado pelo próprio protagonista da história.
Eis aí, além do grande esforço de continuar vivo, mais um monstruoso desafio para nosso Instituto Histórico e Geográfico da Vitória que protege memórias e registra o presente porque continuam dialogando na direção do futuro. Avante, antonenses!!!
Li hoje pela terceira vez seu bom (extraordinário, excelente artigo escrito a quatro maos). Provoca me uma reflexão: como sou incapaz e limitado. Impotente em não fazer nosso Instituto crescer. Parabéns Madame Soraya pela sua contribuição. Quando a senhora entra no circuito tudo se ilumina e cresce.
Rsrsr