Histórias do Carnaval Antonense: O dia em que O LEÃO foi enterrado pelo CAMELO.

Sempre que tenho oportunidade de falar, repito: não sou velho, mas carnavalescamente falando vivi o restinho de tudo aquilo que hoje só habita nas paredes da memória dos mais velhos. Vivi o mela-mela, o corso –  com suas “batidas” automobilísticas, as disputas das orquestras, os belíssimos carros alegóricos, os animados bailes de sede, os concorridos ensaios de rua na Pitú-lanches, as comissões com livro de ouro debaixo do braço e porque não dizer, entre outras coisas: o restinho da rivalidade entre LEÃO e o Camelo.

Deixei, a propósito, o tema RIVALIDADE por último, para justamente, narrar um acontecimento, ocorrido na terça-feira de carnaval 1991, onde nós, “camelistas” liderado pelo então Presidente Joel Neto, protagonizamos cenas de um carnaval, cujo o “oxigênio”, como já falei, se socorria na RIVALIDADE.

Muito bem, vamos à história:

Ano de 1991, noite de terça-feira de carnaval. Ao chegar, por volta das 19h na sede do Clube Vassouras “O CAMELO”, juntei-me aos companheiros da jovem diretoria e fui logo  recebendo o recado: “Joel Neto quer falar com a gente, ele tá aí com uma novidade”.

Naquela ocasião os “coroas” do Camelo, presentes ao desfile foram: Elias Ramalho, Dodó da Gamela, Berilo, Miro Caboclo e “jogando” no time intermediário (meia idade”) Joel Neto. Os mais jovens eram: Fernando, Puã, Alexandre da Gamela, Edalvo, Léo, Murilo, Mano do Cartório, Clodoaldo, Silvio de Velho da Pitú e Eu.

Pois bem, naquele ano, salve engano, estava completando uma sequência de três anos, consecutivos sem o desfile do Leão no carnaval da Vitória. Joel Neto, que ainda gosta da “cachorrada”, aproveitando essa “turma Jovem” e empolgada, disse que só iríamos saber da novidade quando chegássemos na casa de Miro Caboclo, localizada na Rua Imperial (Matriz).

Durante o percurso, o nível de ansiedade da turma jovem só fez aumentar, todos se perguntavam: “que “diabo” de novidade é essa que Joel Neto tem para nos contar?”

Em certo momento, fomos convidados a entrar na casa de seu Miro, lá,  tomamos cada qual umas três lapadas de uísque e,  só assim, a tal novidade foi revelada.

Joel Neto tinha mandado confeccionar uns roupões pretos com desenhos e máscaras de caveiras e uma pequena  alegoria, para ser carregada nas mãos, que revelava a figura de um LEÃO –  feio e fraco –  quase morto.

Assim sendo, quando saímos da casa de seu Miro, fantasiados de CAVEIRAS, carregando nos braços aquele LEÃO quase morto, a “galera” do Camelo foi ao delírio e  o desfile ganhou uma nova empolgação. Assista o vídeo:

Após contornamos a Praça da Matriz, propositadamente,  paramos em frente a sede do  Clube Abanadores o LEÃO, ao som de  uma marchas fúnebre,  e fizemos o enterro simbólico do Clube Abanadores O LEÃO. Em certo momento algumas pessoas, mais empolgadas, começaram a chutar a porta do clube. Nesse instante, Joel Neto, com sua autoridade de presidente, controlou a situação.

Saímos,  então, “cantando vitória” no retorno a nossa sede, localizada no bairro do Livramento e,  até chegar lá, o pau cantou em cima da “alegoria” do Leão quase morto.

Uma semana depois do enterro simbólico, quando passei pela calçada da casa do senhor Zé Lourenço,  na Matriz,  torcedor “fervoroso” do Clube Abanadores O Leão,  disse-me ele: “filho de Zito, vem cá. Eu vi você chutando a porta do Leão, vou dize a seu pai, ele não vai gostar de saber disso não viu!!”.

Bem, confesso que fiquei meio “cabreiro”. Mas, caso papai viesse a me reclamar, a resposta já estaria  na ponta da língua: “foi Joel Neto que inventou tudo isso”.

Pelo sim, pelo não, acho que seu Zé Lourenço falou com papai, mas como Seu Zito Mariano era  CAMELO de coração, no fundo, no fundo, acho até que ele tenha  gostado da nossa, digamos assim, transgressão carnavalesca. Histórias do carnaval……..

 

3 pensou em “Histórias do Carnaval Antonense: O dia em que O LEÃO foi enterrado pelo CAMELO.

  1. Ironia. Hoje , quem está morto? Nem sede tem . Vocês que enterraram o LEÃO tem a obrigação de ressuscitar o camelinho. Seria formidável para NOSSO carnaval. Talvez voltassemos a assistir AQUELA benéfica RIVALIDADE. Dá lhes LEÃO

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