Nesse novo mundo mágico e plural das redes sócias, recebei com alivio à possibilidade da notícia do falecimento do amigo e contemporâneo, Guilherme Pajé, entre tantas, ser mais uma “pegadinha”, relacionada à popular data em que se “comemora” o dia da mentira que aliás, foi objeto de postagem nossa, na pauta de ontem (01). Infelizmente, foi verdade verdadeira!!!
Conheço Pajé desde os tempos da banca escolar do Colégio Municipal 3 de Agosto. Estudamos vários anos juntos. Desde sempre ele foi um sujeito formal. Em sala de aula, não gostava de brincadeiras. Comportava-se como um sujeito adulto. Aliás, praticamente da mesma maneira que, até a noite de ontem (01), dia do seu fulminante falecimento, se mantinha.
Em entrevista ao nosso blog, por várias vezes, revelou o amigo Guilherme que a sua paixão e, posteriormente, identificação e amor pelo frevo – ritmo genuíno do nosso Estado – teve como origem na admiração que nutria pelo Maestro Nunes. Em alguma medida, por assim dizer, Pajé “renunciou” muita coisa na vida para se dedicar ao seu propósito – elevar e preservar um dos maiores patrimônios pernambucano – O FREVO.
Na qualidade de compositor, juntos com tantos outros anotonenses, tornou-se imortal. Grafou nas páginas do livro da Vitória de Santo Antão suas digitais musicais. Não posso afirmar, mas acho que a música que ele compôs para festejar o Centenário do Clube Abanadores “O Leão”, em 2002, seja uma das suas obras mais significativas.
Nos últimos anos, andou me confidenciando e até revelou em entrevista – gravada em 2017 – que já não mais acalentava à esperança no ressurgimento e posterior fortalecimento do nossos carros alegóricos, não obstante manter-se entusiasmado com o grande número de pessoas jovens que estavam participando da diretoria de vários novos clubes que continuavam desfilando ao som das orquestras de frevo.
Em duas ocasiões distintas, mas em momentos parecidos já que se tratava de funerais de pessoas ligadas ao nosso carnaval – José Marques de Senna e Maestro Aderaldo – gravai vídeos com o Guilherme Pajé. Em todas duas, ele reconheceu à importância do trabalho dos dois para o fortalecimento da nossa festa maior – Carnaval – se colocando, também, como uma pessoa que tinha obrigação de manter o legado dos referidos mestres.
Um fato curioso sobre a vida do amigo Pajé diz repeito ao seu nome. Sendo ele um “homem do frevo”, o mesmo nasceu no dia 24 de junho, dia do nosso tradicional São João. Seus pais, pessoas ligadas às tradições católicas, para não batiza-lo pelo nome do santo do dia (João) resolveram dar-lhe o nome do santo do dia seguinte (25), isto é: SÃO GUILHERME.
Por fim, resta-nos, agora, apenas lamentar. Sua dedicação e seu trabalho não foram sem sentido. Pelo seu empenho e devoção à sua causa – o frevo – se dez vida tivesse, dez vida daria pra fazer tudo novamente. Em vida, Guilherme recebeu inúmeras homenagens carnavalescas. Foi o carnavalescos vitoriense que mais recebeu homenagem.
Hoje tem festa no céu, em ritmo de frevo. Ele deverá juntar-se aos carnavalescos do passado, como o próprio relembrava no seu programa – “Sua Excelência O Frevo” – e certamente, daqui pra frente, estará aposto para receber os carnavalescos do presente que, em um futuro incerto, também sucumbirão às cinzas, tal qual o reinado de momo chega à sua hora derradeira, na odiada e sempre temida quarta-feira ingrata. Ao som dos saudosos e melancólicos frevos de bloco, descanse em paz, amigo Pajé!!
Perdemos um homem que amava o frevo, tal qual o amor de nossos país pelos filhos, um vazio ficou com sua partida amigo Pajé. Em 2013 estavamos todos juntos nos Monges em Folia comemorando aquela eterna homenagem que fizemos a ti. Que Deus te abençõe! Domingo dia 31 estavamos em Semar e seu nome fora comentado, uma pena termos essa triste notícia do dia vindouro.