UMA GRANDE PERDA – Redação: Jornalista José Edalvo.


Ontem Vitória de Santo Antão amanheceu mais triste. Também pudera, partiu para a eternidade um filho seu que transbordava alegria e, além disso, um dos mais queridos por toda a sociedade local: PAULO IZIDORO DE FREITAS.

Durante os seus 76 anos, três propósitos moveram a sua passagem por este plano espiritual: o amor ao trabalho, o amor à Família e o amor por Vitória de Santo Antão, valores, para ele, só superados pelo seu amor pela vida, pela graça do existir.

Comerciante dos mais antigos de nossa cidade, renovava a cada dia a satisfação de abrir as portas de sua loja, A Girafa Tecidos, para o exercício da labuta diária. Nesse mesmo estabelecimento comercial, ao longo de décadas, além de inúmeros fregueses, recebia freqüentemente amigos vitorienses e de outras terras, que faziam parte do seu vastíssimo círculo de amizades, conquistadas através de sua simpatia, cordialidade e, sobretudo, pela lealdade e solidariedade que ornavam a sua personalidade ímpar.

O seu amor à família saltava aos olhos de todos os que tinham o privilégio do seu salutar convívio. A união com os seus irmãos (Antônio Freitas e Pedro Queiroz), o carinho que dedicou à sua mãe, dona Dora, durante toda a sua existência, a atenção, o afeto e o acompanhamento da vida dos seus sobrinhos, a ternura, cumplicidade e exemplar harmonia que demonstrava para com a sua esposa, Cristina, onde quer que estivesse, além de revelar a sua sensibilidade no trato com os entes mais queridos, fortaleciam-no a imagem de verdadeira comunhão com a família.

No que se refere à terra querida, Vitória de Santo Antão, Paulo Freitas não escondia a sua satisfação de ter nascido no Berço da Nacionalidade Brasileira e sua identificação com tudo o que diz respeito a esta cidade.

Homem que primava pelas relações sociais, procurou participar de todos os eventos públicos do seu tempo. Na Presidência do Clube O Leão, durante vários anos, viria a revelar sua capacidade gestora na promoção de festas e eventos, destacando-se as “Gincanas Automobilísticas” que promoveu, cuja iniciativa mobilizava festivamente toda a cidade, em inesquecíveis finais de semana.

Quanto aos bailes monumentais que promovia no Clube XVI, além da fina flor da sociedade vitoriense, o evento recebia também pessoas de todas as cidades da região e, até mesmo, da capital pernambucana, atraídas pelos conceituados grupos musicais de sucesso, na época, que os animavam, além de serem enriquecidos por um aparato organizacional impecável e ornados pelo seu indiscutível carisma e espírito cativante e agregador.

Conhecido como “dançarino pé de valsa”, Paulo Freitas tanto promovia como participava efetivamente dessas grandiosas festas. E por falar em dança, após o seu matrimônio com Cristina, desde então era comum ver-se jovens e adultos admirando a maestria do casal bailando na mais perfeita sintonia, em eventos do gênero em nossa cidade, demonstrando toda a sua habilidade na prática dessa belíssima arte.

Ainda à frente do Clube da Praça da Matriz, ele deu também importante contribuição para a nossa festa mais tradicional, o carnaval, e mesmo após deixar o comando do agreiação, continuou dando sua valiosa participação para o sucesso do entrudo. Vale acrescentar ainda que, invariavelmente, mandava confeccionar belíssimas fantasias especialmente para participar do tríduo momesco, e nas últimas décadas, junto com Cristina, formava um dos casais mais lindamente vestidos para a folia de Momo em nossa cidade.

É de justiça destacar, ainda, que a sua participação no nosso carnaval não se limitou ao Leão e ao Clube O Coelho – que tem no seu irmão “Tonho” um dos maiores entusiastas – mas também com a contribuição financeira que dava a outras agremiações através da sua empresa comercial, de onde também canalizava recursos para contribuir com outros eventos da terra amada, como festas religiosas, juninas, etc.

Este seu amor telúrico também se fez revelar através da participação efetiva na imprensa local. No início da última década de oitenta, juntamente com o eminente Jornalista vitoriense Ronaldo Sotero, reeditou por alguns meses o Jornal O Victoriense e, em seguida, durante anos publicou o Jornal O Lidador, através dos quais exaltou o torrão vitoriense e registrou fatos para a história de sua (nossa) cidade, fazendo-o com o mesmo amor, talento e criatividade que demonstrou em tudo o que empreendeu e realizou durante todo o palmilhar de sua existência.

Enfim, como já foi anteriormente registrado nesta crônica pincelada de admiração e de lembranças, somente o seu amor pela vida seria maior do que a sua valorização ao trabalho, a identificação com a terra natal e o seu apego extremo à família. Mesmo porque, quem o conheceu, dele não carrega na retina dos olhos nenhuma imagem de tristeza. Paulo transbordava a alegria de viver e transmitia esse sentimento para as pessoas que com ele conviviam.

É oportuno recordar, ainda, a sua devoção ao catolicismo. Como um filho obediente, desde menino e até o branquear dos cabelos, ia à Missa aos domingos, e a cada dia procurava crescer na Fé, no respeito ao próximo e no exercício da caridade, que procurava praticar anonimamente, como preceitua a Bíblia Sagrada.

Por tudo isto, nesta hora de despedida em que um forte sentimento de angustia nos dilacera o peito pela perda irreparável, quero associar-me aos seus familiares na dor e na saudade imorredoura, porém, agradecido a Deus por me ter permitido conviver e partilhar de sua amizade fidalga e poder constatar que a sua energia positiva deixou uma luz de bondade e afeição que jamais se apagará e que o manterá eternamente vivo em nossos corações!

Descanse em paz na morada eterna, amigo!

(O Jornalista José Edalvo é Diretor do Jornal da Vitória)

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