Prefácio do Livro Apelidos Vitorienses II – pelo advogado amigo, Jairo Medeiros.

É numa tarde corrida que vou ao encontro, no seu escritório, do amigo “Pilako” e, após uma conversa que tem foco institucional e que tergiversa com o cenário apocalíptico político brasileiro, fui instado a prefaciar o seu segundo livro “Apelidos Vitorienses II”.

Naquele instante, após o convite, o pensamento rodopiou em espiral na velocidade da luz e, pensando na responsabilidade, dos afazeres, do labor forense, saltou-se o sentimento que poderia traduzir numa palavra: lisonja. Aprendi na Caserna de Casa Forte que “missão dada, é missão cumprida” e, aquiescendo aceitei a empreitada. Ainda, lembrei-me do que, um dia, um cancioneiro lusitano vaticinou: “Para ser grande, sê inteiro; nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes; assim em cada lago, a lua toda brilha porque alta vive”.

É, Fernando Pessoa acertou! Temos que fazer tudo com o máximo esmero possível e, pensando na vivaz apresentação do jornalista vitoriense José Edalvo no primeiro volume da obra ‘Apelidos Vitorienses’, restou-me perquirir a exação introdutória para uma obra que retrata a nossa cidade através dos ‘apelidados’.

Neófito em abrir a narrativa do alvissareiro opúsculo sobre “Apelidos” que representaria o “saber vivencial” de personagens que forjam a nossa querida Terra das Tabocas, a nossa histórica Vitória de Santo Antão. O passo foi pesquisar a estrutura dos prefácios, ver como são escritos nos livros que possuo para que, entendendo o seu conteúdo, possa ao leitor de forma ‘prima facie’ (de imediato), compreender o (com) texto da obra.

Apelido é substantivo masculino que se expressa em ação através do verbo apelidar cuja ação é “designar, cognominar” segundo ensino contido no Dicionário (BUENO, 1076). O próprio autor do opúsculo narra sua experiência, na qual, em tenra idade, o nosso festejado Cristiano de Melo Vasconcelos Barros, ao suplicar insistentemente outra viagem familiar à cidade de Arapiraca e depois do balbuciar do nome dessa (Arapiraca, pilaca…), incorporou e deu origem do apelido “Pilako” dentre seus irmãos e, eternamente, ao convívio nosso.

Ainda, dissecando a forma e semântica do vernáculo “Apelido” – tema central do livro – é comumente lembrarmos que há sentido afetivo, de carinho, amizade nele que ao revés, em sentido, por vezes pejorativo, temos na palavra “alcunha”, “apodo”, “zombaria”, “motejo” ou o “vulgo” de alguém. Nesse ínterim, lembro-me da minha saudosa avó materna Luziana que tinha o apelido de “Nazeth” e que me chamava de “Jajá” e cantava para mim:

“Já já, futuca seu Felipe Vamos pro Araripe Que os Gonzaga vão chegar

Já, já, te apeia Mané Bento Amarra teu jumento Pega Zefa pra dançar (bis)

A minha terra é pobre Porém meu povo é nobre

Eu quero ver o meu velho novo Exu Meu pé de mulungú Que me traz recordação

Eu quero ver, Da. Ceça de Lulu Descer de do caititu Dando vivas ao São João”

Somente com arrimo e consulta ao meu primo Lourinaldo Júnior, o qual, via Facebook, me lembrou o que pensei ser uma composição de uma anedota para mim, na verdade, era uma música do Gonzagão em Velho Novo Exu com coautoria de Silvio Moacir de Araújo. E, nesse momento, em que a memória adentra na “p-brana” universal de Stephen Hawking e volto – mesmo estático – e soergo-me a outra dimensão espaço-temporal, onde a alma vibra e a reminiscência do homem que se encanta de tempos imemoriais que cada ser humano traz consigo e, o meu apelido dado pela minha avó representa mais do que uma comezinha palavra como a todos os que são reverenciados na obra literária, e sim, sentimentos e lembranças do que se é e o que se foi…

O meu pretérito apelido não vingou… Os apelidos além deste caráter saudosista, sentimental, têm, também, a acepção jocosa que, na nossa “pernambucanidade”, a ‘greia’ não pode ser esquecida. Há, outrossim, a relação de vínculo e afeição a alguém ou a algum lugar. Os apelidos, por vezes, forjam os mitos universais e nacionais a exemplo do ícone “Pelé”, nascido Edson Arantes… Veja-se, que alguns ‘apelidos’ têm o caráter de identidade e que vincula alguém a algum lugar. Não raro, é comum estrangeiros em entrevistas associar o nome do “Pelé” ao Brasil… Destacaria inúmeros outros como o do ex-presidente Luiz Inácio, o mundialmente também conhecido, “Lula”.

O livro “Apelidos Vitorienses – vol. II” traz consigno uma lauda dimensão por ocasião do instrumento que engendrou seu surgimento: o “Blog do Pilako”. E na sua essência e lema “O centro do meu mundo é a minha cidade” fez o chamamento dos cidadãos vitorienses a expressar através da “grande teia global” (world wide web), as suas jocosas histórias pessoais. Esse “Admirável mundo novo” trouxe inovações tecnológicas que a cada dia quebram barreiras, tais como, a distância e a lógica do espaço-tempo…

A obra “Apelidos Vitorienses” guarda siamesa relação com as mídias digitais; enfaticamente ao “centro do mundo parte de Vitória” na menção da ‘frontspage’ do Blog do Pilako e que se originou a partir dos vídeos postados no ‘Youtube’ com entrevistas esclarecedoras e, no mais das vezes, lúdicas. De forma clara, objetiva e lógica os vídeos que engendraram o livro trazem um contato que se exterioriza ao leitor com a cristalina transparência do “veículo digital” que, a partir do “epicentro vitoriense” leva ao mundo o conhecimento de personagens locais que são alçados à abissal audiência das ‘novas mídias digitais’ como blogs, whatssapp, Facebook e demais redes sociais, Youtube…

O opúsculo transportou do sítio eletrônico os entrevistados, incorporou o ‘mundo bit’ ao impresso e com a inserção do “QR-Code”, no qual ao focar no holograma que é uma espécie nova de código de barra, os leitores, com seus ‘smartphones’, podem assistir os ‘donos dos apelidos’, em quaisquer momentos e lugares, o que, de certo modo, lembra o brocardo latino “Verba volant, scripta manent” (as palavras voam, mas os escritos ficam). E o que fazem os apelidos? Alguns marcam e acompanham seus personagens mais, inclusive, do que seus nomes próprios…

A sociedade contemporânea exige a proatividade colaborativa e democratização das comunicações e, neste sentido, os Produtores de Conteúdo de Mídias Digitais na Rede (Web) propõem incrementar a participação e cidadania de modo que, dentre outros motivos, de serem ações instantâneas e dinamicamente reproduzidas pelas informações ocorridas no local e que se tornem geral e, por vezes, global.

Reportando-me ao descrito ‘encontro institucional’, esclareço que o nobre amigo Pilako é, também, diretor e sócio fundador da AblogPE. A Associação dos Blogueiros do Estado de Pernambuco, entidade primogênita no país, é associação civil de Blogs, redes sociais e mídias alternativas no Brasil e congrega associados de todas as regiões de Pernambuco com mais 400 membros e que tem o escopo primordial de buscar proativamente a democratização dos meios de comunicação e que com a vigência da Lei Federal n.º 12.965/2014, conhecida como Marco Civil da Internet, impõe o respeito à liberdade de expressão com a finalidade de promover o reconhecimento em escala mundial da rede, nos direitos humanos, o desenvolvimento da personalidade e o exercício da cidadania em meios digitais, da pluralidade e a diversidade; da abertura e a colaboração; da livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa do consumidor; e da finalidade social da rede.

Mario Rosa in A Reputação na velocidade do pensamento (2006, pág. 114) descreve que “transparência, assim, significa conquistar maior segurança sobre os poderes do Estado, de seus representantes, das corporações e seus gestores. E esse poder se materializa no acesso a informações relevantes.” E, de certa forma, quando se trata de “apelidos” estamos falando de imagem e reputação de alguém e que, em seu livro, Pilako destaca com transparência, as idiossincrasias de seus interlocutores.

O Blog do Pilako é um dos instrumentos valiosos contidos na AblogPE que, observando, debatendo, dando voz ao povo (“vox Populi, vox Dei”), por vezes denunciando com fundamentação lógica as mazelas municipais, interagindo com a sociedade vitoriense, chama a cidade à razão e funciona como verdadeiro edil vitoriense sem ter assento na casa legislativa, cumpre a previsão (dever ser) da norma constitucional (art. 5º, XXIII) ao atender a função social. E, ainda, denuncia a omissão da vedação de monopólio e oligopólio do sistema de comunicação em que os grandes meios de comunicação de massa, mesmo que por previsão de norma expressa no art. 220,§5o da Carta Magna, que creio eu se tratar de norma de aplicação imediata, quer seja, que não reger a edição de norma infraconstitucional para que seu conteúdo e previsão (mens legislatore) opere e incida no ‘mundo fático’, de aplicação instantânea. Assim, soma voz e força a luta pela democratização dos meios de comunicação brasileiros e engrandece com suas “expertises” a nossa AblogPE.

E foi, também, por obra e graça do Blog do Pilako e construção de abnegação coletiva ímpar para forjar a AblogPE que inicioamos a frutífera convivência harmônica com o preclaro Cristiano de Melo Vasconcelos Barros, o nosso ‘Pilako’. A entidade joga um papel fundamental convergindo unidade na pluralidade de atos dos quatros quantos pernambucanos.

Os amigos BIANCHI e BORGES in “Blogueir@s uní-vos! (mas nem tanto)” ao capitular na obra literária “A revolução da internet” afirmam que “o internauta deixa de ser um sujeito passivo e mero receptor do que é escrito ou transmitido pelos veículos tradicionais monopolizados e manipuladores. Ele adquire a possibilidade de se tornar um produtor de conteúdo, postando os seus textos, fotos, áudios, vídeos. Ele também interage com outros internautas, num processo de comunicação compartilhada que enriquece os seus horizontes e dá vazão à sua criatividade. Neste novo mundo de oportunidades, mesmo que limitadas pelo poder dos impérios midiáticos, a comunicação sofre visíveis mutações”.

Se for certo que “contra números, não há argumentos”, ao perquirir o primado da excelência deste prefácio pela lisonja me dada pelo amigo autor, busquei dados que não poderiam ser contestados por tudo que até aqui o nobre leitor se ateve. A Presidência da República, por obra realizada pela Secretaria de Comunicação Social (SECOM), que coletou informações primorosas contidas na Pesquisa de Opinião Pública inserida na Pesquisa Brasileira de Mídia – 2016 RELATÓRIO FINAL (vide em http://www.secom.gov.br/atuacao/pesquisa/lista-depesquisas-quantitativas-e-qualitativas-de-contratosatuais/pesquisa-brasileira-de-midia-pbm-2016.pdf/view) cujos objetivos específicos são, dentre outros, conhecer como se informam os diversos segmentos socioeconômicos e as características de seus hábitos de uso de mídia e o nível de confiança da população em diversas fontes de notícia (rádio, jornais impressos, revistas, sites, blogs, redes sociais); Avaliou o peso dos veículos online e das novas mídias no consumo e/ou exposição à informação trouxe valiosas informações que, indiscutivelmente, legitimam a obra e o autor de “Apelidos Vitorienses”.

Importante frisar o caráter eminentemente científico dos dados estatísticos que, por exemplo, num universo de 150 milhões de brasileiros aptos a votar nas derradeiras eleições, as pesquisas sondam, no mais das vezes uma amostragem de 2.002, eleitores com margem de erro de 3% (três por cento) após o resultado nas urnas, consagram com precisão o resultado de forma confiante e segura. E o que dirá do tamanho total da amostra Nacional que foi fixado em 15.050 entrevistas, distribuídas em todo o país, realizada com base no Censo Demográfico Brasileiro de 2010 e da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) 2014 feitas pelo IBGE?

Dentre as conclusões da pesquisa e que aqui importa, temos que: “entre os entrevistados, aproximadamente dois em cada três acessam a internet, o ambiente domiciliar é predominante entre os locais de maior uso. O telefone celular supera e muito o computador como o dispositivo mais utilizado no acesso à internet e algo em torno de três em cada dez respondentes que utilizam a internet declaram utilizar somente um dispositivo para tal atividade. O tempo médio de acesso diário, considerando tanto o meio de semana quanto o final de semana, fica um pouco acima das quatro horas e trinta minutos”.

Ainda para correlacionar a giga dimensão do Blog do Pilako com o livro “Apelidos Vitorienses” no qual de forma inovadora introduz um “QR-Code” após o “who´s who” (quem é quem) dos seus personagens transmudados para o vídeo do Youtube num singelo clique, em homenagem à baila argumentativa aqui esposada, apresenta dados trazidos do sítio eletrônico e-commerce – especializado em vendas pela internet (vide em https://www.e-commerce.org.br/produtos-maisvendidos-na-internet-em-2016/) sobre os PRODUTOS MAIS VENDIDOS NA INTERNET EM 2016, o que corrobora com os insofismáveis números aqui apresentados, tendo como produtos mais vendido, os SMARTPHONES E CELULARES que, em sua análise mercadológica faz “prospectar clientes que gostam de trocar seus smartphones a cada novidade do mercado. Parecer mágica! É só a propaganda ir ao ar e uma montanha de gente investe consideráveis recursos para ter o que há de mais novo no mercado. Internet móvel virou uma religião, e os adeptos não podem ficar para trás na hora de estarem conectados à sua rede social preferida ou para saber como andam as contratações do seu time do coração. Incluir smartphones no e-commerce é atirar no alvo!”

Concluo, salvo melhor juízo, que o livro “Apelidos Vitoriense II” é bem aceito, contemporâneo, o é em virtude do veículo e de quem o divulgou: Pilako e seu Blog traduz a pujança colossal acima desta numericamente destacada. Por fim, destaque-se que a Pesquisa mostra claramente que no Brasil a internet somente perde – por enquanto – em audiência, para a Televisão… As rádios já foram “googladas” pela internet e os blogs pautam os conteúdos de seus programas. E não à toa o governo golpista atual tenta aprovar legislação tributária que irá cobrar sobre o uso e transmissão de dados móveis; mídias novas como o ‘Netflix’, que espolia inexorável e drasticamente a audiência dos canais abertos de TV…

A moção prefacial a mim confiada é fruto de uma amizade construída por objetivos comuns como os ditos anteriormente. O Cristiano de Melo Vasconcelos Barros – Pilako – com a edição do 2º volume da obra, congratula a todos nós e lhe é fácil porque, agregador, inteligente e “antenado ao novo mundo bit” e que “sin perder la ternura jamás” e se “Verba volant, scripta manent”, condensa com sinergia as suas competências e virtudes nesta obra que é singela mas de abissal sentimentos dos seus personagens. A literatura faz parte da cultura e do “Ethos” de um povo e o livro traz a inerente correlação entre a cultura e a história que, falando em nível local – mutatis mudandis – dialoga com o Brasil e o mundo nesta colossal ‘teia global’…

“Faraway, so close”… Longe de tudo, muito perto do coração, ops, do smartphone, eu agradeço a lisonja e estima da missão prefacial, ao passo que ao leitor e personagens caberá o discernimento que, ao cunhar os seus apelidos, estes são incorporados e eternizados juntamente com o nome natalício. Eu me despeço relembrando dos acordes e letra da canção da banda inglesa Pink Floyd em “Talkin´Hawkin” (“falando”) em que afirma: “With the technology at our disposal The possibilities are unbounded All we need to do is make sure we keep talking’ (Com a tecnologia à nossa disposição as possibilidades são ilimitadas Tudo o que precisamos fazer é ter certeza de que continuemos falando)…

JAIRO Vieira MEDEIROS
Advogado e Assessor Jurídico

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