Vitória de Santo Antão no tempo do cinema mudo e do FONÓGRAFO.

Em tempos de acalorados debates sobre a arcaica legislação trabalhista e suas possíveis mudanças, não me canso de dizer: as ideias de Karl Marx, ao seu tempo, configuraram-se em grandes avanços para sociedade ocidental. Hoje, em grande medida, foram vencidas pelo tempo. Atrevo-me, falando: daqui pra frente o grande inimigo dos trabalhadores é à aplicação da tecnologia na nova arrumação produtiva, que além de tirar o posto de trabalho, varrerá muitas empresas do mercado. Por incrível que possa parecer, até agora não consigo entender  o porquê desse debate não haver avançado na sociedade, sobretudo nos colégios e nas faculdades.

Pois bem, outro dia lendo meus arquivos sobre a Vitória de Santo Antão de outrora (1930) encontrei uma notícia, apesar de antiga, que reflete bem o tema atual, acima mencionado. Comentava o Jornal “O LIDADOR” que, em função do novo e possante “Rádio – Vitrola”,  as pequenas orquestras e o piano, que até então acompanhavam, nos cinemas, a projeção dos filmes mudos, aos poucos,  DESAPARECERIAM.

Assim “falava” a notícia do lidador:

“A reprodução e a ampliação do eco e do ruído é feita por eletricidade e apanha as irradiações dos Estados do Brasil e da Argentina. Nos dias em que não houver projeção na tela, a Empresa organizará sessões especiais de rádio, apanhando as irradiações da Rádio Clube de Pernambuco”.

Acrescentava a noticia:

“Para a inauguração foi organizado o seguinte programa: Hino Nacional, pela Banda dos Fuzileiros Navais, Grande Sinfonia do Guarani (1ª e 2ª parte), Minha Viola, canção, e Cismando Valsa.”

Aliás,  quando nossa cidade, Vitória de Santo Antão, ainda nem possui energia elétrica, foi apresentado à sociedade, pelo senhor Fagner, em 20 de fevereiro 1892 (há cento e vinte e cinco anos) o FONÓGRAFO.

Sobre essa apresentação, publicou “O Lidador” de 27 de fevereiro do mesmo ano:

“Ouvimos o fonógrafo e confessamo-nos maravilhados, pois é uma das mais aperfeiçoadas invenções que a mentalidade humana pode produzir………O fonógrafo repete com precisão as peças que nele forem recolhidas, reproduzindo corretamente as palavras com o timbre de voz natural, bem como o som de qualquer instrumento”.

Na ocasião, reproduziu  também,  o mesmo jornal, mais adiante, que só no inicio do século XX é que as famílias mais organizadas financeiramente puderam adquirir-los  e usa-los, nos encontros festivos, juntamente com familiares e amigos e até nas tardes recreativas dos domingos.

Devemos lembrar, porém, que até 15 de novembro de 1922 nossa cidade não possui sistema de energia elétrica.

Conta ainda o jornal “O Lidador” que em 1929 os aparelhos foram incrementados com um  pequeno motor elétrico, passando a se chamar “ELETROLA”. Não tardou e começou aparecer, então, as “RADIO-ELETROLAS”, aparelho que conjugava o receptor de rádio ao fonógrafo eletrificado e aperfeiçoado.

Pois bem, apesar de estarmos distantes temporamente dessas notícias, devemos entender que as mudanças sempre existiram. O grande detalhe é justamente com relação à velocidade dos fatos. Hoje, por exemplo, já temos tratores, nos campos brasileiros,  trabalhando sem a figura do operador. No Japão, agora mesmo, já é possível ser hóspede em um hotel,  por alguns dias, sem que seja necessário se relacionar com os humanos, apenas, com máquinas e robôs.

Na nossa Vitória de Santo Antão do século 21, totalmente integralizada ao mundo globalizado da internet, nada mais nos separa do resto do planeta. A grande pergunta que fica é: será que a qualidade de vida, na nossa cidade de antigamente,  era melhor ou pior?  O TEMPO NÃO PARA……

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