Pernambuco 2017: um carnaval marcado pelo “terrorismo doméstico”.

Não obstante nosso País continuar mergulhado numa agenda negativa desgraçada, sobretudo no que diz respeito ao aperto financeiro em que a população ficou submetida, com números de desempregados batendo recorde, o carnaval, como sempre, atua como uma espécie de bálsamo à dura e triste realidade do povão. Não à toa, comenta-se que no Brasil o ano só começa pra valer, na segunda-feira,  após o carnaval. Aliás, hoje, segunda-feira, dia 06 de março, a propósito, seria o “dia primeiro de janeiro” de 2017, particularmente,  para nós brasileiros.

Pois bem, com queda na venda de cerveja e aumento na venda de aguardente e bebidas mais baratas, apenas se comprova que a música  (Eu Brinco ) de Francisco Alves nunca esteve tão atualizada – “Com dinheiro ou sem dinheiro Eh eh eh eh eu brinco”

Nos três grandes polos carnavalescos do País – Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco – tivemos histórias diferentes. No grande palco da Sapucaí, observamos alguns problemas de ordem  estrutural. Já com relação ao carnaval de rua da Cidade Maravilhosa, o público superou todas as expectativas, em alguns casos, segundo informações de jornais, houve aumento de foliões muito acima do esperado. Em Salvador a mídia do “carnaval sem cordas” criou um novo cenário, no entanto,  na minha modesta opinião, não deve prosperar por conta da dificuldade do turista “comprar” a ideia.

No que diz respeito ao carnaval participativo e mais democrático do Brasil, o Carnaval Pernambucano, podemos dizer que apesar da sua história e da sua tradição, em 2017, recebeu um “golpe” fortíssimo, justamente daqueles que por finalidade deveriam zelar e protegê-lo. Falo da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiro e dos políticos que fazem oposição ao Governador Paulo Câmara.

Se beneficiando do clima violento que sacudiu o Brasil, logo nos primeiros dias do ano, face à eclosão de rebeliões em presídios, nas mais variadas localidades do país, em Pernambuco, orquestrou-se um movimento para “encurralar” o Governo do Estado,  que teve como mote o aumento dos soldos dos militares.

Utilizando-se das redes sociais, nas mais diversas plataformas, construiu-se um canal de boatos e se espalhou falácias, multiplicando assim, a sensação de insegurança, para se chegar aos caos desejados. Deve-se ressaltar: uma coisa é segurança. Outra coisa é sensação de segurança. Duas coisas distintas que a população, incauta, não consegue distinguir com clareza razoável.

Pois bem, foi nesse contexto que aconteceu o carnaval de Pernambuco. Somando-se à crise financeira real, tivemos como resultado o esvaziamento dos principais focos da folia no estado. Às vésperas do Galo da Madrugada, maior bloco carnavalesco do Mundo e principal cartão postal do nosso Reinado de Momo, falava-se em “greve da polícia”. Na cidade Patrimônio da Humanidade (Olinda), famosa pelo seu carnaval, carregado de história e criatividade, após a festa, um saldo negativo de público foi anunciado.

Na nossa Vitória de Santo Antão, onde se produz carnaval há mais de um século,  com esmero e devoção, a crise financeira e o “terrorismo doméstico” também golpeou, com força,  a nossa festa de momo.

Como já falei, em virtude da falta de sensação de segurança, uma parcela expressiva de pessoas,  com intenção de brincar e se divertir, ou mesmo apenas acompanhar – na qualidade de “folião olhante”,  ficaram com medo e, por cautela,  se ausentaram do foco folia.

Em contra partida, o clima de “cidade sem polícia”, certamente desencadeou  nos “valentões de plantão”uma euforia nunca vista, criando assim, o ambiente desejado para aqueles maus pernambucanos que planejaram “destruir” a festa de momo, justamente no ano do Bicentenário da Revolução Pernambucana, data emblemática para o nosso estado e consequentemente para o nosso carnaval.

É triste, mas é real. Por incrível que pareça, esse ano, o carnaval de Pernambuco foi “minado” pelo “terrorismo doméstico”. Como Vitória não é uma ilha, também sofreu suas consequências. O Governador Paulo Câmara, deveria responder com a autoridade que lhe cabe, sair da sua inércia perene e fazer do limão uma limonada. Mostrar que na sua caneta EXISTE TINTA,  para punir os “terroristas” e revelar aos pernambucanos os nomes dos políticos que faz oposição ao estado de Pernambuco.

Para encerrar gostaria de dizer, contudo, que fica o registro, sobretudo para os que observam mais um pouco,  que nossa sociedade é pobre de entendimento. Que o respeito é algo sublime. Fica, portanto, uma mancha, uma nódoa na história daqueles que deveriam construir e, ao invés disso, tentaram provocar o caos e pulverizar desordem…..

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