Ilustríssimos Ministros: a vaquejada não pode ser uma “ilha” no contexto dos maus tratos aos animais!!

Saindo um pouco da nossa linha editorial, que tem por objetivo realçar os assuntos atinentes ao nosso torrão e\ou aos conterrâneos, hoje, falarei de um tema que vem ganhando fôlego em todo País, sobretudo na Região Nordeste, no que diz respeito à polêmica decisão da corte suprema da nação de chuteiras. Para pôr um pouco de “gasolina no incêndio” basta dizer que o placar decisório, com 11 votantes, ocorreu pelo escore 6×5.

Muito bem, eu, na qualidade de morador de uma cidade do interior do Nordeste brasileiro, certamente não tenho condições de opinar sobre este assunto  com total isenção. Naturalmente, de certa forma, a vaquejada é parte integrante da nossa cultura e, aos olhos da ciência que estuda o cotidiano da raça humana no tempo, falar de cultura é mexer em vespeiro.

Aliás, antes de sermos submetidos à cultura dos portugueses – nossos colonizadores e algozes –  que justificaram tudo, ao concluírem que éramos animais que comia uns aos outros não procuraram, antes, saber que não se comia a carne de qualquer um, pois, acreditava-se,  à época, que ao degustar um pedaço de qualquer parte do corpo de um forte guerreiro da tribo inimiga, adquiria-se seus dotes na arte de guerrear. Também é verdade que esses mesmos senhores que nos catequizaram, em nome do mesmo Deus, também cortaram a cabeça dos seus irmãos europeus –  meio milênio antes – através das cruzadas.

Voltando para os maus tratos promovido pela vaquejada, já que estamos vivendo e evocando o “mundo civilizado” que, entre outras coisas eleva e melhora o tratamento ao animal, este,  merece muitas reflexões. A quem interessa, por exemplo, tratar cachorro como um ente da família? Sou de um tempo em que se criava um cão, para vigiar o terreiro da casa e não para dormir no ar-refrigerado, aos pés do seu dono e ser, via de regra, o ponto de convergência da casa.

A mídia de massa, aos poucos e à serviço dos fabricantes de produtos direcionado para esse segmento, vem criando uma nova cultura na sociedade moderna e as pessoas ,sem maldade, estão aderindo a esse novo conceito. Temos Leis para proteger qualquer agressão a um  “cão indefeso”, mas podemos criar um bode no quintal de casa para engorda-los e, no momento que acharmos oportuno, sangra-lo, arrancar suas tripas e leva-lo ao fogo, para  come-lo e festejarmos. Ora! O que tem de tão diferente entre o cachorro e o bode,? Será que um nasceu para ser  da “nossa família”  e o outro para servi apenas para nos alimentar? Aos olhos da maioria das pessoas, tudo isso é NORMAL. Aliás, muita gente não consegue nem raciocinar na direção contrária, em virtude do alto grau de alienação, vítimas da cargar midiática praticada pelos meios de comunicação da massa.

Com os pássaros e os peixes, acontece situação semelhante. Existe legislação para  regulamentar a prisão de um passarinho numa gaiola, mas não existe, pelo menos que eu saiba, nenhuma  ilegalidade  na criação de peixes em aquário caseiro. Ora! Que diferença tem em limitar a vida de um pássaro numa gaiola com à mobilidade de um peixe em um aquário?

Na questão da vida animal, relacionada aos “seres humanos”,  existe muita gente criando situação para se dá bem. Aliá, nas grandes cidades criaram  todo tipo de discurso em favor dos animais, para que os mesmos não puxem carroças,  mas  nas muitas cidades do interior, sobretudo no nordeste brasileiro,  é a tração animal que faz o “mundo girar”, inclusive carregando água para os humanos não morrerem de sede. Retira-los das ruas,  nas grandes cidades,  ajuda a melhorar o trânsito. Já nas diminutas urbes  o animal é mais bem tratados por ser uma fonte de renda e elemento social.  O discurso, nas cidades grande,  é oportunista e mentiroso e o pior: ainda tem gente se elegendo vereador usando-os como cabo-eleitorais.

Com relação aos bois, sob o pretexto de não fazê-los sofrer, deveria acontecer um  movimento também para acabar com os  grandes rodeios, sobretudo no Estado de São Paulo, aliás deveríamos ir mais além: deixarmos todos de comer carne bovina. Ora! Se não podemos  ao menos derrubar o boi como poderíamos,  então,   engordar o bicho para depois sangra-lo,  mata-lo e come-lo?

Aos poucos, nós humanos, estamos evoluindo. Antes, no famoso “pão e circo”,  se colocava  gente para brigar com gente, animal para brigar com animal e até gente para ser comida por animais carnívoros,  de sangue quente. Isso mudou. Mas, curiosamente,  em favor do lucro de poucos e para o delírio das massas os canais de televisão transmitem as famosas lutas de UFC e MMA. Volto a  perguntar: será, que em nome do “mundo civilizado”,  evocado pelos ministros da Suprema Corte,  estamos educando bem nossos  filhos? Incentivar à lutar com agressividade entre os seres  humanos é mais civilizado do que puxar o rabo do boi?

Outra pergunta: porque é que temos total parcimônia com a pescaria onde se comete, na minha modesta  opinião,  a maior das agressões a um “sujeito” do mundo animal? Aliás, diga-se de passagem, da forma mais covarde e violenta, na direção de um bicho indefeso e que em nada está incomodando o “ser humano”, muito pelo contrário, o “bicho homem e\ou mulher”  é que sai do seu habitat  natural e vai ataca-lo no seu espaço social. Não tenho a  menor duvida que AS  PESCARIAS QUE OCORREM EM TODO BRASIL,  É UM TROÇO MUITO MAIS VIOLENTO QUE AS VAQUEJADA DO NORDESTE. Também não  tenho nenhuma dúvida  que temos muitos   “pescadores” espalhados nas  chamadas cortes brasileiras.

Portanto, senhores seis Ministros do Supremo Tribunal Federal que votaram pela não regulamentação da vaquejada,  como prática desportiva e cultural do nosso tão sofrido e castigado Nordeste, acho que os senhores estão certos. Apenas nasceram cem anos antes, e, de forma anacrônica não estão levando em consideração a historicidade do nosso tempo.

Espero, contudo, que antes de resolvermos o problema da queda dos bois, que  não deixa de ser um questionamento  justo e equilibrado, resolvamos também o problema dos bodes, dos porcos e dos peixes, sem esquecer, claro,  antes,  de solucionar a mal tratada vida dos  humanos, cantada em verso e prosa pelo admirável Zé Ramalho, sobretudo à vida das  nossas crianças e dos nossos velhos, pois, como bem diz o nosso poeta antonense, Sosigenes Bittencourt: “dos velhos, pois foram eles que cuidaram de nós e das crianças porque são elas que irão cuidar de todos nós”. Para concluir: .Abaixo a Industria Cultural de massa e salvemos, com força e fé, a genuína e tradicional industria nordestina,  sem chaminé e representativa de toda uma região, já estigmatizada pela pobreza e tantas outras agruras.

9 pensou em “Ilustríssimos Ministros: a vaquejada não pode ser uma “ilha” no contexto dos maus tratos aos animais!!

  1. decupe. mais eu não concordo com os maus tratos com os animais.
    vaquejada deveria ter acabado a centena de anos atrás, e os vaqueiros deveriam fazer o seguinte, o gado mais bonito.
    ganharão um troféu maravilhoso.
    e depois tocaria uma super banda de forro com o preço a deus dará.

  2. Essa polêmica é simples de se resolver. Basta substituir os bois por jacarés. Aí os valentes vaqueiros puxariam a cauda dos jacarés, em vez de indefesos bovinos.

  3. Toda esta choradeira nesta C$U$L$T$U$R$A BUSINES, simplesmente pelo motivo de acabar com as moedas, DOS TOLOS, que iam para as algibeiras dos espertalhões promotores dos eventos. E não era pouco o volume do negócio rentável.

    E dou risadas pelo final feliz.

  4. Só pelo fato dos senhores simpatizantes da tortura terem que se explicar porque vivem na barbárie, já é uma evolução positiva da civilização…. Parabéns aos Ministros..,

  5. Parabenizar o Blog do Pilako por tão oportuno e excelente texto.
    Os homens do poder em Brasília com suas canetas, tomam decisões sem avaliar o assunto e o impacto junto a população.

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