Dr LUIS CARLOS: um vitoriense ARRETADO !!

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Na noite da sexta (14) aconteceu nas dependências do Clube Abanadores “O LEÃO” a solenidade, promovida pela Câmara Legislativa de nossa cidade, da  entrega de títulos de “CIDADÃO VITORIENSE”. Como merecedores da honraria, constavam os seguintes nomes: dois   magistrados  – os Juízes Frederico Tompson, Breno Duarte, uma  Promotora Pública – Joana Cavalcante –  um religioso –  Padre Renato da Cunha Cavalcanti – um Médico – Luis Carlos Ferrer Carneiro.

Muito bem, mesmo sem ter sido pessoalmente convidado para o evento, ou até como integrante da imprensa, isso porque, inevitavelmente, de uns  tempos para cá estou inserido neste contexto, comparecei ao evento motivado, diferentemente de muitas pessoas, por gostar de ouvir discursos em determinadas solenidades, principalmente quando o tema central é a nossa cidade.

Quero aqui, em nome da imprensa local, externar um voto de repúdio à mesa diretora da Casa de  Diogo de Braga, por não ter formalizado convite aos meios de comunicação  local, até porque, observei à falta de representantes da nossa imprensa. Acho até, que deve constar nas despesas da Câmara, valores referentes à assessoria de imprensa, mas que, como bem ficou evidenciado no evento aludido, tem atuação, na prática, próxima de zero.

Pois bem, ao ouvir, atentamente, às palavras dos agraciados com a honraria, com exceção da representante do Padre Renato que não fez uso da mesma, gostaria de fazer um registro especial, sem desmerecer a qualidade e a emoção dos demais, para o discurso do Dr. Luis Carlos.

Sem meias palavras, o doutor expressou, para nossa geração – na faixa dos 50 anos – a essência do que é ser um vitoriense. Narrou com propriedade e conhecimento de causa a maneira como a sociedade se comportou nessas últimas décadas.

Por motivos óbvios e dentro da sua realidade sócio econômica, viveu no eixo Vitória-Recife, mais sem apagar das “pastas da memória” a formação provinciana e os valores familiares forjados na respiração dos seus pais, que diga-se de passagem, conhecedores do mundo, mais que nunca se distanciaram das suas raízes.

Ao final do seu discurso, mostrou a todos os presentes que é um vitoriense dos bons, e porque não dizer, dos melhores. Na sua vida profissional, continua a contribuir com a sua terra,  de forma decisiva, para a consolidação do pólo médico.

Como médico, prescreveu às autoridades, do poder executivo e legislativo locais, aplicação ENDOVENOSA, de amor e respeito pela cidade quando, de viva voz,  disse:

“nossa cidade está um caos na urbanização e no trânsito, sobretudo em seu centro, precisamos resgatar algo simples, que pertence “à toda população, “ruas”, e o direito básico de todo cidadão, neste caso, ” literalmente falando”, que é o direito de ir e vir”,

– sendo  Interrompido várias vezes pelos aplausos, de maneira espontânea, da plateia.

Completando o doutor, e agora a grafia é minha, os  nossos políticos, só reconhece o direito de IR e VIR dos munícipes nos seguintes termos:

  • IR – ir para as carreatas,  passeatas e comícios políticos com direito a bater palmas.
  • VIR– vir com o título de eleitor na mão, no dia da eleição, para votar neles ou nos filhos deles.

Sendo assim, doravante, o Dr Luis Carlos, além de ser um vitoriense “oficial”, na minha opinião, passa ele também a configurar na galeria dos VITORIENSES ARRETADOS DE BOM!!! 

Segue discurso na íntegra:

Prezado amigo e colega Dr. Sylvio Gouveia, em nome do qual saúdo a todos da mesa; meus pais Elmo e Vitorinha, minha esposa Alayde, minhas filhas Lúcia e Cecília, meu neto Nicolas e demais familiares, em nome dos quais saúdo a todos os presentes. Meus “colegas” cidadãos vitorienses também agraciados hoje.

Minha palavras são de agradecimento por  tão significativa homenagem. Há muito tempo Dr. Sylvio Gouveia pedia meu Currículo para propor a outorga do título de cidadão e eu sempre demorei a entregar, não que eu não me sentisse honrado, mas por que “oficiosamente” eu já me sentia um cidadão Vitoriense. Nasci em Recife por opção de meus pais em procurar uma melhor assistência médico-hospitalar, mas desde então fui criado em Vitória de Santo Antão, e, aos 10 anos de idade, quando continuei meus estudos no Colégio Marista, na cidade do Recife, ficava sempre torcendo que chegassem logo as Sextas-feiras e as férias para voltar a Vitória, uma vez que não sentia Recife como minha cidade.

Explico o porquê que sempre me fez sentir um cidadão e a minha forte ligação com Vitória, que é uma coisa inata de seus filhos e daqueles que aqui  passam a residir, pois esta é uma cidade de paixões, ao ponto de chegar a ter diversos casos de passionalidades. Porém, são passionalidades sadias, cujas “brigas passionais” são sempre pelo engrandecimento da cidade. Fui criado no meio desta passionalidade, geralmente “bipartidária” (não me refiro aqui ao lado da política, que é uma outra característica de Vitória, na hora das eleições), mas das disputas como as dos carnavais, entre o Camelo e o Leão,  a Girafa e a Cebola Quente, e tantas outras disputas, tanto carnavalescas, como em qualquer outra área, Pitú x Serra Grande, por exemplo. Uma cidade de disputas tão grandes que envolvia até entidades filantrópicas,  pois como o Rotary Club de Vitória como foi fundado no Bairro do Livramento e tinha suas reuniões no Clube Camelo, então, a fundação do Lions Club, ocorreu no Bairro da Matriz de Santo Antão e suas reuniões eram feitas no Clube Leão. Mas, todas estas aparentes disputas só serviam para o crescimento tanto do carnaval, como empresarial e  das ajudas filantrópicas, ou seja, sempre pelo engrandecimento da cidade. E assim eu fui criado, sempre me apegando às estas tradições, tendo aqui não só a minha cidade, mas a melhor cidade do mundo (como diz meu pai, que sempre coloca Vitória como a melhor do mundo e, em segundo posto, Paris na França).

Como não lembrar, além dos carnavais, das festas do Livramento e da Matriz de Santo Antão, das Vaquejadas, das festas dos clubes: bailes de carnaval, São João (com as eleições disputadíssimas das Rainhas do Milho), festas nos Domingos de Páscoa e dos Bailes de Debutantes, entre outras. Lembrar também as paradas de 7 de Setembro com Dr. Mário Bezerra de frente ao Colégio 3 de Agosto e o Padre Pedro Souza Leão à frente da Escola de Pacas… está certo meu pai, que Paris que nada! O “meu mundo” era Vitória de Santo Antão. E porque ainda não lembrar o blecaute de energia na cidade, por alguns segundos,  na hora da virada do ano, à meia-noite dos dias 31 de dezembro; eu mesmo achava que isto ocorria simultaneamente em todo o Brasil, e até pergunto “será que não ocorria?”

O tempo foi passando, o curso científico, a preparação para o vestibular e o Curso Universitário, foram cada vez me fixando mais em Recife, junto com o meu casamento, nascimento de minhas filhas; o que também ocorreu em Recife, mas, fiz questão de registrá-las em cartório de Vitória. E aqui também elas tiraram suas carteiras de trabalho e títulos de eleitor, onde votam até hoje, assim como eu e minha esposa (que também não é natural de Vitória).

Vem o destino e faz com que eu, ao me formar em Medicina, escolha uma especialidade que me permitiu ser pioneiro na cidade em metodologias avançadas na área médica, em 1983 com a Ultrassonografia, sendo Vitória a quarta cidade de Pernambuco a contar com esta tecnologia, antes só Recife, Caruaru e Petrolina, e, agora mais recente, com a Tomografia Computadorizada (tudo isso com o apoio de minha irmã e sócia, Ana Regina), quem sabe para suprir, em parte, aquela necessidade médica que fez com que eu não tivesse nascido em Vitória.

Bem, com tantas lembranças aqui citadas, entre tantas outras que seria necessário usar demais páginas, justifico o porquê de sempre me sentir um Vitoriense “oficioso”. E aproveito hoje, como cidadão “oficial”, para fazer um pedido às autoridades políticas aqui presentes: nossa cidade está um caos na urbanização e no trânsito, sobretudo em seu Centro, precisamos resgatar algo simples, que pertence “à toda população, “ruas”, e o direito básico de todo cidadão, neste caso, ” literalmente falando”, que é o direito de ir e vir. Eu sei que não é um trabalho fácil e que implica em questões sociais, mas o Pátio da Feira tem que voltar a ser um Pátio de Feira, as ruas e calçadas que sempre o rodearam têm que voltar a ser transitáveis, nem que seja mantendo os comerciantes fixos, mas apenas no centro do Pátio, reabrindo a circulação destas ruas e calçadas que o cercam, bem como os largos em volta do Mercado de Farinha, de um lado onde estão as feiras da sulanca e do “Paraguai”, e do outro lado, com circulação em pleno Pátio da Feira. Ainda sobre este magnifico prédio secular do referido Mercado, livrar as suas calçadas de construções fixas em alvenaria, também livrando a Rua André Vidal de Negreiros (mais famosa por Rua do Barateiro, ou mesmo Rua da Águia). Eu sei que não é uma tarefa fácil, mas tem que haver uma transferência dos comerciantes ali irregularmente instalados, afinal tudo aquilo é terreno público. Não adianta ficar discutindo como foi e quem permitiu o início de tudo isso, precisa haver uma ação de resgate da cidade e da cidadania. Esta é uma cidade que cada vez cresce mais. Porém, nesta questão, cresce “de mãos atadas”, muitas empresas e cursos universitários aqui chegando, e, as pessoas que começam a chegar, virão apenas para trabalhar e, ao final do dia, voltarão para onde estiverem residindo, em sua maioria, no Recife, sem nem entrar na cidade. E, de repente, Vitória corre o risco de se tornar uma cidade-dormitório “diurna”.

Peço desculpas a todos por usar a ocasião para tal reinvidicação, mas quero o melhor para a nossa cidade.

Mais uma vez tenho quero agradecer, em especial ao meu amigo Sylvio Gouveia, por permitirem que eu me tornasse um cidadão Vitoriense.

Muito obrigado.

 Dr Luis Carlos

3 pensou em “Dr LUIS CARLOS: um vitoriense ARRETADO !!

  1. Meu caro Pilakko tive a honra de participar desta reunião de entrega de titulo pela Camara Municipal da Vitoria de Santo Antão e ouvi atentamente os pronunciamentos dos ortogados sentindo sem sobras de duvidas a falta do padre Renato apesar de muito bem representado pela sua irmã e como vitoriense me senti orgulhoso de receber o meu querido amigo primo e irmão Lula como cidadão vitoriense sem desmerecer os demais homenagiados tambem merecedores da cidadania o Luis tem o sangue, paternidade e amor pela terra das tabocas fazendo por demais justa a homenagem me associo a todos os vereadores pela aprovação unanime ao edil Silvio Gouveia pelo empreendimento e parabenizar ao Lula pelo sensacional discurso proferido um grande abraço ao |Lula e toda familia maravilhosa
    Joel Neto

  2. Arretado o discurso, arretado a reinvidicação, arretado também: “Como médico, prescreveu às autoridades, do poder executivo e legislativo locais, aplicação ENDOVENOSA, de amor e respeito pela cidade quando, de viva voz,”… simplismente ARRETADO!!!!!!! Parabéns pela publicação!

  3. Pingback: RETROSPECTIVA 2012: Fatos Marcantes e Sociais que marcaram o ano | Blog do Pilako

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