O buraco da fechadura

A disputa política acelerou. Entrou, mais cedo do que eu esperava, em um ritmo alucinante. Carreatas e passeatas diariamente. Haja folego para tanto. Hoje vou dar uma de cientista politico. Tá achando pouco?

Amarre seu cavalinho atrás da minha carroça que eu amanheci inspirado. Baixou em mim o espírito do Zé Bufa, analista político do bom. Pense em um analista político! Zé Bufa era um misto de cientista político, sacristão e doido. Doido 22 horas ininterruptas, por dia. Morava ele na Silva Jardim, defronte à casa dos pais do Pilako, próximo da Matriz de Santo Antão, sua cátedra e local de trabalho.  Zé Bufa corria doido nas noites do sábado de Aleluia. Mais doido ainda quando alguém gritava que ele roubara a aleluia. Nunca entendi o que vinha a ser roubar a aleluia. Diziam os entendidos que se a aleluia não aparecesse o mundo se acabava. Eu morria de medo com essas invencionices populares.  Padre Renato explica?. Voltemos ao Zé. Zé era doido, todavia não tinha nada de burro. Nisto me acho muito parecido com ele: doido, mas não burro. Voltemos ao assunto pertinente. Regressemos, para não ficar repetitivo. Sim, caro leitor, regressemos à República das Tabocas ou como querem os Ferrer, à República da Cachaça.

Na corrida eleitoral temos dois alazões que provocam uma acirrada disputa. “Ambos os dois” têm chance de vitória. Um corre na raia interna. Interna do poder. Vai de arreios e sela amarelos. Ele é irmão gêmeo, uni vitelino, do ex-deputado federal que está sempre ao seu lado e que irá tentar a reeleição para a Câmara Federal. É o deputado que prometeu um computador para o Instituto. A bem da verdade, prometeu e cumpriu. Só que o cpu do computador, usado, refugo da Câmara, chegou oco. Fizemos-lhe ciência do ocorrido. Prometeu averiguar e providencias seriam tomadas. Estamos à espera. Essa história de computador oco parece história da carochinha e nada tem a ver com nosso tema. Eu me propus fazer uma análise política do estágio atual da campanha eleitoral e fico divagando. Voltemos.

Dentro de uma linha de raciocínio aristotélico e cartesiano, estamos diante de dois fieis discípulos do guru Maciel. Reservados, circunspectos, como gosta e recomenda o mestre. Cumprimentam com deferença os eleitores e os subalternos. O azalão de arreios amarelos está no trono. Tem a chave do poder. Poderá ganhar, tem chances reais. Depois deste magnifico raciocínio e extraordinária colocação filosófica, sou ou não sou cientista político? Eu disse, poderá ganhar.

O outro corre na segunda raia. Vai todo de vermelho e chegou com força total. Como diz o dr. Bione, o “véio” entrou com gosto de gás. Forte. Muito forte. Tem chance. Sua astúcia, sua inteligência, sua matreirice, sua esperteza, sua malícia e experiência metem medo. É uma experiência secular desde a época do velho avô. DNA político e ambição pelo poder não lhe faltam. A reboque trás outra “caiga” de DNA político, só que modernizada e  intelectualizada, cheia de fetiche, a filha.

O quadro é este, vejam como eu sou sabido, observem como sou “inteligente” . Um dos dois ganhará. Os dois vencerem é impossível ou outro cientista, tem como defender esse axioma? Não precisa comer merda de cigano para anunciar tal profecia e tirar tão fantástica conclusão.

O terceiro cavalo é fraquinho em relação aos dois alazões. Mas deve competir. Oportuna ocasião, mesmo tardia, para lançar uma terceira via. Veste-se também de vermelho.

Finalmente, recomendo aos cruzados, correligionários, guerreiros, interesseiros, babões,  parasitas, sugadores e malabaristas, que lutem até o último instante. A eleição só acaba depois de computada a última urna. Recordam-se de 2008?

Pedro Ferrer

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