Braga drink´s. – Eu também quero!

Hoje não vou ao Reino Fungi. Ficarei na República da Cachaça.

Tarde de sábado. Tarde pachorrenta. Ideal para uma boa leitura. É o que estou fazendo, lendo o “Jornal da Vitória” do nosso amigo Edalvo. De frente, leio na primeira página: doutores locais se unem e abrem um serviço de Tomografia Computadorizada.  Fantástico! Vitória cresce também na área da saúde. Outra boa nova, professor  Edmo Neves, homem de postura, assume a presidência do conceituado clube de serviço, Rotary. Parabéns. Quantas notícias boas. Com euforia e avidez vou folheando as páginas e digerindo velozmente as notícias. Eis que, na quarta página, deparo-me com uma ingrata reportagem: inauguração do Recanto Universitário. Não era para mim, nenhuma novidade, a reforma do bar do Gena. Circulo sempre por lá. Todavia nunca pensei que tamanha agressão a um logradouro público tivesse o apoio de tantos e de todos. Senti enjôo e vontade de vomitar as letrinhas. O jornal faz um clamor exagerado e dedica página inteira a um investimento socialmente capenga e que devia merecer a repulsa da imprensa. O caro Edalvo esqueceu qual a função e o destino de uma praça?

Falo de teimoso. A maioria o deseja. Alguns parentes do ilustre professor, que dá nome à praça, querem-no,  autoridades religiosas, civis e da segurança também o querem e o  apoiam.

Fazer o quê!

Não desejava, mas aguardava um dia o bar do Gena  fechar. Tudo tem um  fim e o tal bar marchava para isto. Com seu desaparecimento, ressurgiria, aí eu desejava, a praça Luís Boaventura. Praça  florida, charmosa, com bancos, fonte e tudo  mais que caracteriza uma praça, como ele sempre desejou. Tenho certeza que Lula Andrade ficaria muito mais contente com uma praça, do que com o “palácio de cristal” que invade e agride uma área que é do povo.

Cansado e revoltado tirei um cochilo. Eis que senti puxarem-me a borda da camisa. Virei-me e não vi ninguém, porém uma voz suave me segredou  ao ouvido:

­ Cala a boca Pedro Ferrer, tu não te emendas? Quem tu pensas que és? Cala-te, estás pregando em um deserto habitado por surdos. Estás com inveja? Vai lá, filho da mãe e abre tu um bar semelhante,  na praça Diogo de Braga.

­ Gostei da ideia. Acho que posso, tenho os mesmos direitos daqueles que já estão estabelecidos, pois sou cidadão brasileiro, tenho CPF, pago meus impostos e contribuo para a prosperidade da cidade. Vou procurar nossos zelosos gestores. Quero meu espaço para abrir um bar porreta.  Braga drink´s.

Pedro Ferrer

Fotos: Jornal da Vitória

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  1. Em todas as cidades civilizadas que tive a oportunidade de conhecer, existem bares e praças separadas, mas só aqui em Vitória as duas coisas são congênitas. O invasor do espaço que outrora pertencia ao povo chega a ser premiado pelos desgovernantes, em vez de puní-los pela contravenção. E ainda aparecem imbecis que ficam com dó dos invasores que não estão nem aì prá opinião dos que sabem que isto está errado. Mas “os incomodados que se mudem”, é assim que eles pensam, e já estou começando a concordar.

  2. Um vez meu avô, sentindo chegar sua morte, falou: “se quiserem dar meu nome a algo aqui na cidade, que seja a praça do Iracema.”
    Todos questionaram, “mas ali, na cascatinha?” e ele “ninguém sabe que ali se chama Praça João Pessoa mesmo!”
    Morei de frente a praça por 6 anos (86 a 92). Meu tio mora lá até hoje. E desde sempre ali foi a cascatinha. Creio eu que ele já adquiriu propriedade do local (com a palavra a Dr. Eliane Cruz). Mas nós da família tentamos reformar o local, logo após ser modificado seu nome, com dinheiro próprio, e sem sucesso. Mas mesmo assim achamos que Seu Lula ficou feliz por ver a revitalização da praça, mesmo sendo cascatinha, ele sabia que ela existira e que talvez fosse difícil modificar isso.
    No mais fico grato tanto ao senhor Pedro Ferrer e aos novos proprietários do local, em lembrar a memória do meu amado avô, que se desencarnou a longos e ao mesmo tempo breve 10 anos. Só fico pensando, e por que não reformar o Cine Iracema e transformar-lo em um teatro que tanto faz falta a nossa cidade?
    Grato abraço: Hugo Boaventura

    • Prezado Hugo.
      Durante anos fui casado com uma Andrade. Fiquei intimo da sua família e tinha seu avô como uma referência. Ele tinha um grande defeito: só tinha virtudes. Ajudou-me bastante. Com o andar da carruagem outros Andrades se interpuseram entre nós dois e fui forçado a me afastar dele. Sempre o chamei e sempre que nele falo, chamo-o de TIO LULA . Tenho saudade dele. Lamento o esfriamento que ocorreu. Caro Hugo, desculpe-me, mas não concordo com você. Seu avô não merecia tamanho ultraje. Um bar, aquilo lá é mais bar que uma praça, não é homenagem que se preste a ninguem. Nem mesmo aos fabricantes de cachaça. A falecida dona Áurea, ex-presidente da Pitú, nunca aceitou a homenagem que foi dada ao seu esposo, quando emprestaram seu nome à praça próxima ao Fórum. Seu avô era um educador. A ele caberia ser lembrado em uma escola ou grupo. Já pensou: Grupo Muncipal Luís Boaventura? Biblioteca Municipal Luís Andrade. Praça também é bom e ele é merecedor, mas não com aquele monstrengo edificado em frente ao cinema que era a menina de seus olhos. Respeito seu ponto de vista mas continuo contra. Minha revolta é tão grande que não ocuparei uma mesa daquele famigerado bar. Lembro-lhe que tive seu avô como aluno no primeiro ano da Faculdade. Visite o Instituto Histórico e verá que tio Lula continua vivo.
      Abraço, Pedro Ferrer

  3. Eu concordo, cidades como Curitiba que é exemplo no que se diz respeito a espaços públicos de lazer, não se encontra nada que justifica se ter um bar em uma praça. Aqui parece que todos os valores são invertidos. Paciência!

  4. Conheço bem como funciona o Rotary Club, já tive a oportunidade de vivenciar algumas ações sociais, realmente é um trabalho muito bonito, para aqueles que sabe apreciar e doar-se de coração, privilégios pra poucos. Deus disse: Amar e respeitar o próximo como a ti mesmo. Mas, infelizmente ainda temos na sociedade pessoas egoístas,prepotentes e que gosta de pisar nas pessoas como se fosse melhor que o outro e pior que vive de roubar a consciência do próximo, aproveitando-se das coisas de Deus para se promover,aproveitando-se de boas ações sociais (Ex: Rotary Club) para enganar as pessoas que não o conhece, como se fosse uma pessoa que prestasse serviço a sociedade e, de forma especial a pessoas carentes. Porém, isso não passa de uma política podre (POLITICAGEM), ano político aparece de tudo,existe gente pra tudo,aparece lobo com veste de ovelha,mas como a bíblia diz: O mal se destroí por se só, e aquilo que é de Deus será sempre de Deus. Não precisa-se de provas quando a verdade vem de Deus.
    “A nação tem o governante que merece”
    Precisamos ter coragem de lutar pelo o que é nosso por direito,abrirmos nossos olhos e o coração para que não seja enganado pelo o que aparenta ser belo.

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