Vida Passada… – Visconde de Alcantara – por Célio Meira.

No último quartel do século XVIII, na cidade de São Luiz do Maranhão, nasceu João Inácio da Cunha. Rico, estudou na famosa Universidade de Coimbra, onde alcançou, aos 25 anos de idade, a carta de bacharel em direito. Diplomado, e estando em Lisboa, quando, em 1807, D. João VI, o Navegante, resolveu partir para o Brasil, só para não  esmagar as forças de Napoleão I,  João Inácio regressou à Pátria, na Comitiva Real, a mais famosa, e a mais numerosa, de que há memória na história agitada dos povos. E por ter enfrentado tempestades, na penosa travessia, chumbando seu destino à sorte de uma coroa, num país longínquo, mereceu, José Inácio, as graças do rei aventureiro, que lhe ofereceu, em 1808, a cadeira de desembargador, na relação da Baia.

Orador eloquente e jurisconsulto de polpa, na apreciação de um biografo, alcançou, esse jovem magistrado maranhense, prestígio e fama na terra baiana, e nas terras da Corte, ao Tempo de D. Pedro I, infidelíssimo esposo de d. Leopoldina.  Exerceu, João Inácio, o cargo de Intendente geral de polícia, no 1º Império. E em 1826, era senador, representando a terra onde nasceu.

Foi o 4º ministro do Império, no gabinete de 14 de Dezembro de 1829, e nesse posto de real destaque, recebeu a graça do viscondado. Nasceu, em 1781, o visconde de Alcantara. Pertenceu, esse ilustrado titular, à geração daqueles que se bateram pela permanência de d. Pedro I no poder, quando conspiraram os rebeldes da abdicação.

E naqueles dias memoráveis de luta política, à hora atribulada em que i Imperador, imprudentemente, avivou o braseiro da rebeldia, com a reconstituição do ministério, de que resultou o gabinete de 5 de abril de 1831, ocupou, o visconde de Alcantara, a pasta da justiça. Viveu dois dias, esse ministério. Veiu a abdicação do monarca. Iniciou-se a Regência.

Ensarilhando as armas, nos combates políticos, o visconde de Alcantara recolheu-se à vida tranquila, esperando, serenamente, pela morte. E morreu três anos mais tarde, a 14 de fevereiro de 1834, aos 53 anos de idade. Ninguém lhe negou até hoje, as excelsas virtudes de coração e de caráter. Foi um homem austero e nobre.

Célio Meira – escritor e jornalista. 

LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reúno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.

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