Na paróquia recifense do Pôço da Panela, onde veiu, ao mundo, naquela casa de 7 janelas, o lírico Maciel Monteiro, e onde morou, dilatados anos, o democrata José Mariano, João José Pinto Junior, a 2 de fevereiro de 1832, no dia de Nossa Senhora da Saúde. Em junho desse ano, frei José Damásio, abade da Igreja de São Bento, o fez cristão, à pia batismal da igreja de São Sebastião, na terra olindense. E aos 18 anos, matriculou-se, o jovem Pinto Junior, na Faculdade de Direito de Olinda, recebendo, no Recife, em 1855, a carta de bacharel, pertencente à turma de Salustiano Orlando de Araújo Costa, o grande Orlando, do Código Comercial. Diplomado, abriu banca de advogado, e defendeu tese, ao lado de Liberato Barroso, ilustrado cearense, nascido no Aracati.
Exerceu o cargo de juiz municipal, na comarca do Recife. Inscreveu-se, em 1858, conta um “admirador”, em excelente biografia, num concurso, na Faculdade de Direito. Foram companheiro de Pinto Junior, nessa formosa batalha de inteligência e cultura, João Capistrano e Aprígio Guimarães. Pinto Junior alcançou o 1º lugar, e Capistrano o 2º, que obteve a nomeação. No ano seguinte, voltou Pinto Junior, ao lado de Aprígio e de Pinto Pessoa, a pleitear a cadeira, na velha escola. Coube-lhe, ainda, a vitória, no primeiro plano. Não viu realizado, dessa vez, o sonho alcandorado. E entrou no 3º concurso. E com a mesma classificação, foi nomeado lente substituto, a 20 de agosto de 1859. Tinha 27 anos. Era o triunfo.
Em 1870, deu-lhe, o governo, a cadeira de professor catedrático de Direito Romano. E em 1855, agraciou-o, a Corôa, com o título de conselheiro. Jornalista, colaborou, em 1857, na “Regeneração”, à tribuna desassombrada de Jerônimo Vilela de Castro Tavares e, em 64, no “Liberal”, a trincheira de Cunha Teixeira, servindo, patrioticamente, às ideias dos liberais “históricos”. Fundou, e dirigiu a “Revista de Instrução Pública de Pernambuco”. E entre os nobres fundadores da “Sociedade Propagadora de Instrução Pública”, foi, Pinto Junior, a alma e o cérebro.
Escreveu, Pinto Junior, o “Curso Elementar de Direito Romano”, livro precioso, àquele tempo, e recomendado aos estudantes de São Paulo, por Américo Brasiliense, grande romanista. Dirigiu, duas vezes, interinamente, a Faculdade de Direito. Jubilou-se, em 1891, e morreu, dois anos depois, aos 61 anos de idade.
Professor de Direito, idolatrado pela mocidade acadêmica, homem de coração, no dizer de Clóvis Bevilaqua, paladino da instrução pública, defensor das tradições históricas do torrão nativo, pertence, Pinto Junior, à galeria dos pernambucanos preclaros. Seu nome, graças a Deus, tem resistido à ação destruidora do tempo. Está gravado na fachada de uma Escola, no Recife. E, a mocidade de saia amarela e de blusa branca, na Escola Normal Pinto Junior, tem, na sua jornada, um destino histórico – o de glorificar a memória do Mestre.
Célio Meira – escritor e jornalista.
LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reúno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.