Realizar uma visita ao Parque Estadual de Dois Irmãos no Recife provoca no visitante mais saudosista um misto de melancolia e tristeza.
Não é novidade para ninguém que este parque marca profundamente a memória afetiva dos pernambucanos.
Em uma área de Mata Atlântica, com 14 hectares só de jardim zoológico, o bom e velho Dois Irmãos padece, porém, de um mal grave: a submissão a um passado de inadequação e abandono.
A grande verdade é que o nosso horto parou no tempo.
Jaulas minúsculas, inapropriadas e, em sua maioria, vazias, além do matagal e da ferrugem generalizados, são o retrato da falta de gestão que marca o equipamento.
Logo na chegada, dos seis guichês para a compra de ingressos, apenas um em funcionamento, o qual, todavia, não aceita pix ou cartão de crédito, impondo ao visitante uma fila desnecessária.
Antes de entrar no zoo, o frequentador recebe de logo a advertência dos ambulantes: “garanta a sua água, porque lá dentro não vende nada”.
Como conceber que um equipamento daquele tamanho não tem um único estabelecimento para vender itens básicos, frise-se, em pleno mês de julho, mês de férias escolares?
O pior, porém, caros amigos, ainda está por vir: as condições a que estão submetidos os (poucos) animais.
Não é preciso ser um especialista para constatar que os espaços são apertados e inadequados.
O hipopótamo, por exemplo, um dos poucos animais de grande porte que ainda resiste, vive em um recinto que é uma ladeira.
Há jaulas apertadas, com animais estressados, e outras tantas vazias, só com a placa indicativa na frente, cujos bichos morreram ou foram transferidos, sem que jamais tenha havido a reposição.
Um conceito mais moderno de zoológico, tendo como princípios básicos o bem-estar animal e a educação ambiental, é urgente para o nosso Dois Irmãos.
E, no próprio Brasil, há vários exemplos.
Apelamos, encarecidamente, à Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco (Semas), que reconsidere o olhar dispensado ao nosso parque, promovendo uma reformulação profunda em sua estrutura e gestão.
Uma coisa é certa: este patrimônio é coletivo.
São 85 anos de memórias.
#sosdoisirmãos
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