O Frei Tito – por @historia_em_retalhos.

Este é o religioso Tito de Alencar Lima, o Frei Tito.

Frei Tito nasceu em Fortaleza/CE.

Desejando uma vivência espiritual mais intensa, escolheu a ordem dominicana para consagrar-se como religioso.

Por sua militância no meio estudantil e sua consciência social, passou a ser suspeito da ditadura militar brasileira.

Em 12 de outubro de 1968, foi preso por participar do 30.º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Ibiúna/SP, após ser fichado pela polícia e tornar-se alvo de perseguição do regime.

Naquela ocasião, teve um papel importante para conseguir o sítio onde foi realizado o congresso.

Foi preso pela segunda vez no dia 4 de novembro de 1969, junto com outros dominicanos, dentre eles, Frei Betto, Fernando de Brito, Ivo Lesbaupin, Roberto Romano e João Valença, pela equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury, do DOPS.

Preso, torturado quase ao ponto de morrer, é banido do país, quando sai com outros prisioneiros políticos, em troca da liberdade do embaixador suíço Giovanni Bucher.

Viveu no Chile, que também era dominado pelos militares.

Continua seu exílio, agora rumo à Europa: primeiro, Itália, depois, França.

Algo, porém, o acompanhava.

A tortura sofrida continuou a destruí-lo por dentro: delírios, desesperação, lembrança viva dos algozes, necessidade de autodestruição.

Tito sofreu horrores na prisão: pau de arara, choques elétricos na cabeça, nos órgãos genitais, pés, mãos e ouvidos, socos, pauladas e palmatórias.

Foi preso também na chamada “cadeira do dragão”, local em que o torturado é queimado com cigarros.

Na prisão, escreveu sobre a tortura que viveu e este documento transformou-se em um símbolo da luta pelos direitos humanos.

Longa agonia.

Traumatizado pela tortura, submeteu-se a um tratamento psiquiátrico e, no dia 10 de agosto de 1974, cometeu suicídio.

Poucos dias antes de morrer, porém, escreveu na sua agenda:

“São noites de silêncio
Vozes que clamam num espaço infinito
Um silêncio do homem
e um silêncio de Deus”.

Em 25 de março de 1983, o seu corpo chegou ao Brasil.

Antes de ir para Fortaleza, passou por São Paulo, onde foi realizada uma celebração litúrgica em sua memória.

Cercado por bispos e sacerdotes, Dom Paulo Evaristo Arns repudiou a tragédia da tortura em missa acompanhada por mais de quatro mil pessoas.
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Um detalhe que poucos sabem: a missa foi celebrada em trajes vermelhos, usados em celebrações dos mártires.
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Em 2021, a rua no bairro Vila Leopoldina em São Paulo anteriormente batizada em alusão ao torturador Sérgio Fleury foi rebatizada em sua homenagem.
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A quem interessar, recomendo o filme “Batismo de sangue”, de Helvécio Ratton. 🎥
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#ditaduranuncamais
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