Vida Passada… – Mariano de Medeiros – por Célio Meira

Célio Meira – escritor e jornalista.

Pertenceu, Mariano Augusto de Medeiros, pernambucano, na Faculdade de Direito do Recife, à geração e à turma de Pardal Malet, o romancista do “Hóspede”, de Manuel Borba, intimorato caboclo do nordeste, de Manuel Caetano de Albuquerque Melo, o vigoroso jornalista d’ “A Província”, de Malaquias de Queiroz Barros, velho educador e de Nilo Peçanha, um dos estadistas da República e na vida acadêmica, sonhadora e agitada, batalhou pela abolição da escravatura negra e pela queda do governo da Casa bragantina. A “Folha do Nordeste”, o grande diário de Martins Junior, fundado em abril de 1883, vendido por 40 réis, o “tipo espirituoso e alegre do jornal moderno”, no julgamento do brilhante Faelante da Camara, a “Voz do Povo”, e a “Tribuna Acadêmica”  de Galdino Loreto, Euclides Quinteiro, Nilo Peçanha e Viveiros de Casto, foram as trincheiras felizes das ideias liberais, em que desfraldou, Mariano de Medeiros, sua bandeira de combate. Recebeu, em 1887, o grau de bacharel.

Diplomado, seguiu a magistratura, começando pela promotoria de justiça, na Comarca do Passo de Camaragibe, terra natal de Ambrósio Machado da Cunha Cavalcanti, figura de vanguarda na hecatombe da Vitória, e indomável inimigo do governador Barbosa Lima, de Fernandes Lima e de Ciridião Durval. Nesse rincão histórico do nordeste de Alagoas, pelas colunas do “Município”, Mariano praticou, também, o jornalismo. Regressando ao berço nativo, exerceu, no governo Barbosa Lima, o cargo do Tesouro do Estado, merecendo elogio do chefe do poder, pelos relevantes serviços prestados à administração. Dirigiu, posteriormente, a Recebedoria do Estado. E no governo de Gonçalves Ferreira, em 1903, representou Pernambuco, no convênio firmado com a Paraíba, no tocante à arrecadação de impostos, nos municípios limítrofes. Pernambuco alguns meses, em 1904, na subsecretaria da Faculdade de Direito do Recife.

E em 1905, deixando mais uma vez, a terra onde nasceu, seguiu para o Rio de janeiro, ingressando na polícia civil. Era moço ainda, a esse tempo, o mavioso poeta do “Quadras e Cromos”. Tinha 41 anos de idade. E, em o novo cenário de suas atividades, alcançou, Mariano, novos triunfos. No exercício das diversas delegacias policiais, foi inteligente e honesto. Alfredo Pinto, nascido, também em Pernambuco, e chefe de polícia, do governo de Afonso Pena, encontrou Mariano no posto de 1º delegado auxiliar, e o conservou. Foi o braço direito de Alfredo Pinto, naquela época, em que já se esboçavam os primeiros movimentos dos políticos oposicionistas, em favor de uma candidatura militar.

Faleceu, Mariano, há trinta anos, no dia 7 de janeiro de 1909. Caiu, podemos dizer, como o soldado, na linha de fogo. Quando a morte veio busca-lo, ele estava à mesa trabalhando. E no cemitério, Alfredo Pinto disse-lhe o derradeiro adeus. O adeus do chefe, do amigo, e do torrão nativo.

Célio Meira – escritor e jornalista. 

LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reuno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.

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