Claudio Tamburrini, o goleiro torturado – por @historia_em_retalhos.

Década de 1970, Argentina.

A exemplo de outros países da América do Sul, em 24 de março de 1976, um golpe de estado civil-militar alçou ao poder uma junta militar que entregou o comando da nação ao general Jorge Rafael Videla.

Naquele momento, a Argentina estava às vésperas de sediar uma Copa do Mundo, pela primeira vez.

O governo de Videla ficou marcado pela repressão e pelos crimes contra a humanidade, como sequestros, desaparições, assassinatos, perseguição a opositores e torturas.

Aos 22 anos, o jovem goleiro do Club Atlético Almagro, à época estudante de filosofia e militante da esquerda, fora delatado por um colega de universidade, de nome Tano, sendo surpreendido em sua residência por duas pessoas armadas.

Sempre questionado por suas orientações ideológicas, foi levado para a Mansión Seré, um centro clandestino de detenção, onde passou 120 dias de terror.

Torturavam-o todos os dias, em busca de uma confissão que nunca conseguiram, apesar dos maus-tratos psicológicos.

“Então você é goleiro?”, pergunta o torturador.

Tamburrini assente.

“Então segura esta” e dá-lhe um soco no estômago.

Claudio Tamburrini é o único jogador profissional sequestrado pela ditadura que hoje pode contar a sua história.

E isso se deve a uma razão muito peculiar: junto com outros três presos, conseguiu descer por uma janela pendurado em lençóis e escapar da Mansión Seré, na única fuga registrada em todos aqueles anos.

Da Argentina, fugiu para a Suécia, onde hoje é professor de filosofia na Universidade de Estocolmo.

Em 1985, voltou ao país, para prestar depoimento no chamado “Juicio a las Juntas”, processo no qual foram condenados muitos dos protagonistas dos governos ditatoriais:

– Videla (prisão perpétua)

– Emilio Massera (prisão perpétua)

– Roberto Viola (17 anos) etc.

Sua fuga heroica foi contada por ele próprio no livro “Pase libre”, de cuja adaptação nasceu o filme “Crónica de una fuga” (2006). 🎥

Nunca lhe tiraram a vida, nem seus ideais ou sua dignidade.

Hoje, a Mansión Seré é um centro de recuperação da memória histórica, o primeiro da América Latina.
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