Aos dezoito anos de idade, enamorou-se, Antônio Correia Seara, pernambucano, nascido no Recife, da vida agitada do soldado. Trocou, então, os livros por uma arma de fogo, e pelo sabre, e se alistou, cheio de esperança, conta ilustrado Sebastião Galvão, nas forças da “divisão de voluntários d’el –rei”. O Rei era d. João VI, o devorador de frangos. O tirano Luiz do Rêgo Barreto governava Pernambuco. E foi feliz, Seara, na carreira das armas.
Em 1823, era tenente, e às ordens de Pedro Labatut, para bem servir à corôa de Pedro I, expulsou, da Bahia, os portugueses. Percorreu, combatendo, os campos de Pirajá. Mereceu, ao regressar à terra natal, o posto de capitão. E em 1824, formado ao lado dos amigos e partidários do Morgado do Cabo, enfrentou Manuel de Carvalho Pais de Andrade, perseguindo os “carvalhistas”, armas à mão, no combate de Barra Grande, na terra alagoana. Foi, fiel ao Imperador, defendendo sua ideologia, um dos coveiros da Confederação do Equador, o sonho nativista, e malogrado, do poeta Natividade Saldanha e de Caneca, o frade carmelita.
E no ano seguinte, ostentava, nos punhos, os galões de major. Ganhara-os, bravamente, na luta ardente, e armada, derramando seu sangue. Mais tarde, sei anos decorridos, no posto de tenente-coronel, pelejou na Cisplatina. Enviou-o, o Pará, em 1843, à Câmara dos Deputados. Desembainhou sua espada, na Baia, servindo à Regência de Feijó, no desbaratamento da Sabinada. E, pouco tempo depois, ao lado de Caxias, por quem foi elogiado, narra Sebastião Galvão, ajudou a destruir a revolução dos Farrapos.
Descansava, no Rio de Janeiro, dos ásperos combates, quando rebentou, nas Alagoas, a revolução de 44, que apeou, do governo, o Bernardo de Souza Franco. À frente de sua tropa, venceu os rebeldes, na Vila de Anadia, reestabelecendo a ordem pública. Foi, informam historiadores, o pacificador da província alagoana.
Deu-lhe, o governo do segundo império, em 1852, o alto posto de marechal de campo. Conferiu, Pernambuco, no ano seguinte, ao valoroso batalhador, a representação, no parlamento. E três anos depois, alcançou o recifense Antônio Correia Seara a maior distinção, no exército da pátria. Foi promovido a tenente-general. Era a Glória. E bem merecida.
Nasceu o marechal Seara, no dia 2 de janeiro de 1802, e morreu, aos 58 anos de idade. Não o esqueceu a cidade do Recife. Gravou o nome do grande soldado pernambucano, na esquina rua um (1).
Célio Meira – escritor
(1) Transcrita na “Folha do Norte”, de Belém do Pará, edição de 11 de fevereiro.
LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reuno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.
A pesquisa é trabalhosa, porém fascinante. Folhea livros, visita velhos jornais, remexe baús pra trazer, ao presente, fatos passados.