Maria da Paz – por Marcus Prado.

MACHADO DE ASSIS tem uma página de ficção que poderia, num instante, por magia, a se repetir (Capítulo 2 do Conto “Mariana”): Quando um vulto de mulher desce da tela e da moldura e se torna humana. Lembro-me sempre de um retrato, que (infelizmente) não existe em nossos Museus, da pernambucana do Recife, Cecília Burle, mãe do paisagista mais famoso do seu século, Roberto Burle Marx.

Como mulher e mãe, assemelha-se a Julia Mann, mãe do Nobel Thomas Mann. Todos que nasceram na casa dessas duas mulheres tiveram o poder e o dom da genialidade. Ambas floram influentes na formação intelectual dos filhos, até dos netos. Sinto falta do ret ato de Cecilia.

Tristeza maior foi a do escritor pernambucano Osman Lins, que nunca viu o retrato de sua mãe, Maria da Paz, na parede, sequer a conheceu, morta dias depois em consequência do parto. Ela jamais se deixou fotografar.

Há cerca de 10 anos, numa exposição fotográfica realizada no Museu de Arte Contemporânea, (Olinda) mostrei como seria o retrato da mãe de Osman, baseado numa pesquisa de imagens, algo como um DNA iconográfico, detalhes extraídos dos caracteres de rosto dos irmãos de Osman, da parte de seu pai Theo Lins.

Marcus Prado – jornalista. 

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