Faleceu ontem (14/05), no Recife, um grande personagem histórico: Theodomiro Romeiro dos Santos, o primeiro brasileiro condenado à pena de morte, desde a proclamação da República.
Se você não conhece a sua história, preste atenção, porque ela é impactante.
Durante a ditadura militar, o jovem estudante Theodomiro foi militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR).
Natural de Natal/RN, em 27.10.1970, estava no Dique do Tororó, em Salvador/BA, ao lado de outros dois companheiros.
Repentinamente, um jipe chegou e três agentes da ditadura desceram do carro.
Eles conseguiram algemar Theodomiro e o seu amigo Paulo, um ao outro, mas o terceiro militante, Getúlio, saiu correndo.
Em perseguição ao fugitivo, os agentes desviaram a sua atenção dos presos.
Percebendo a distração, Theo abriu a sua pasta e tirou um revólver.
Quando viu que os agentes saíam do carro apontando as armas na direção de seu amigo, disparou, matando o sargento Walder Xavier e ferindo um policial federal.
Aos 18 anos, começava, aí, o longo calvário de sua vida.
Preso, o estudante foi submetido a longas sessões de tortura, especialmente, no pau-de-arara.
Sofreu choques elétricos, afogamentos, teve os seus olhos queimados com éter e passou 33 dias na solitária.
Em 1971, ouviu de um conselho da Justiça Militar que estava condenado à morte.
Era a primeira sentença deste tipo na história da República.
Com forte manifestação contrária, a pena capital acabou sendo comutada para prisão perpétua e, em seguida, para 16 anos de reclusão.
Não sendo beneficiado pela Lei da Anistia, em 1979, após 09 anos preso e correndo sérios riscos de vida, Theo decidiu fugir da prisão, asilando-se na Nunciatura Apostólica, em Brasília.
Após, conseguiu exílio no México e, por fim, na França.
Em 1985, retornou ao Brasil, 15 após o tiroteio do Tororó, sendo recebido pelos amigos.
Estabeleceu-se no Recife e fez concurso para juiz do TRT da 6.ª Região/PE, no qual atuou por cerca de 20 anos, até se aposentar.
Esta é uma história real.
Não é um filme.
A quem interessar, indico o documentário “Galeria F”, de Emília Silveira.
Nossos sentimentos à família. 🙏🏼
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