O inesperado apoio de Alceu Valença a Joaquim Francisco – por @historia_em_retalhos.

O inesperado apoio de Alceu Valença a Joaquim Francisco na eleição para governador de 1990.

O ano era 1990.

Um ano antes, caía o Muro de Berlim e o Brasil elegia Fernando Collor, pelo voto direto, após 21 anos de ditadura.

O rescaldo do período ditatorial ainda reverberava de uma maneira muito forte na sociedade brasileira, gerando um clima intenso de polarização.

Como em um pastoril, cada um escolhia o seu cordão.

Ou você rechaçava as forças políticas que deram apoio à ditadura, ou você estava com elas.

Joaquim Francisco, então prefeito do Recife, almejava o Campo das Princesas e era o candidato do PFL, o partido que havia surgido de uma dissidência do PDS, o sucessor da ARENA, agremiação que dera sustentação ao regime militar.

Além disso, havia sido prefeito biônico da capital, entre 1983 e 1986, o que não era bem visto pelas novas forças políticas pós redemocratização.

Do outro lado, estava Jarbas Vasconcelos, candidato do partido que fazia oposição à ditadura, o PMDB, e crítico declarado do regime militar.

Inexplicavelmente, um grupo de artistas, com Alceu Valença à frente, que incluía, entre outros, o compositor Carlos Fernando, manifestou o seu apoio ao candidato do PFL, contrariando, digamos assim, a histórica relação de ligação política existente entre a classe artística e a esquerda.

A cor da campanha de Joaquim Francisco era o amarelo, que acabou se tornando um verbo.

Alceu Valença “amarelou”, dizia-se na época.

A casa do cantor foi pichada e, de fato, Alceu foi muito pressionado, diante de um ato considerado, até então, injustificável.

Joaquim acabou sagrando-se vencedor daquele pleito, valendo-se, dentre outras razões, do distanciamento entre Jarbas e Arraes, o qual saiu do PMDB e foi candidato a deputado federal pelo PSB.

33 anos depois, até hoje, não se sabem, ao certo, as razões que levaram àquele apoio de Alceu a Joaquim.

Porém, é importante o registro: em uma democracia, o cidadão é livre para escolher os seus candidatos.

Como cidadão livre que era, o nosso Maluco Beleza tinha o direito de apoiar quem ele quisesse, a despeito da aparente incoerência que a atitude demonstrou.
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