Frei Caneca – por @historia_em_retalhos.

Por que Frei Caneca ocupa um lugar secundário na história oficial do país, vivendo à sombra de Tiradentes, patrono cívico do Brasil?

Há várias explicações, muitas das quais injustas.

A mais imediata delas é de natureza geográfica.

Tiradentes era o herói de uma área que, a partir da metade do século 19, já podia ser considerada o centro econômico do país (MG, RJ e SP), ao passo que o Nordeste, no mesmo período, já era uma região em decadência financeira e política.

Outro argumento apresentado, com o qual discordamos, seria o de que a Confederação do Equador tinha um propósito separatista, o que retiraria do movimento o seu caráter nacional.

Convenhamos, o tal propósito separatista era muito mais um grito de liberdade face às injustas penalizações que a região sofria e, principalmente, sofreu, quando o movimento eclodiu e repercutiu no centro do país.

Para o historiador mineiro José Murilo de Carvalho, enquanto Tiradentes morreu cercado de misticismo e fervor religioso, tal qual um Cristo, Frei Caneca seguiu até o seu último momento como um mártir rebelde e desafiador.

Para ele, a posição de vítima, assumida por Tiradentes, em detrimento do líder cívico altivo, encampado por Frei Caneca, teria sido mais favorável ao primeiro.

Há, também, um outro detalhe importante: com a proclamação da República, passou-se a buscar personagens que identificassem o republicanismo, em detrimento da monarquia, e a figura de Tiradentes inflou ainda mais, sendo muito usada para ressignificar a identidade brasileira, ao tal ponto de transformarem o dia 21 de abril, data da sua execução, em feriado nacional.

Sem nenhum demérito ao mártir mineiro, por quem temos muito respeito, a nossa opinião é de que já passou da hora de dar-se ao revolucionário carmelita, líder de duas insurreições e que jamais curvou-se ao arbítrio, o lugar que lhe é devido na história.

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