A República e o militarismo – por historia_em_retalhos.

“Liberdade, liberdade!
Abre as asas sobre nós”

O samba-enredo campeão da Imperatriz Leopoldinense, em 1989, homenageou os 100 anos da proclamação da República no Brasil.

Porém, eu trago hoje a seguinte indagação: teria sido a proclamação da nossa República um ato épico e revolucionário?

Com toda a vênia, entendemos que não.

Em verdade, a própria monarquia brasileira já apresentava sinais de esgotamento.

Apesar de ter a simpatia de boa parte da população, Dom Pedro II estava doente e desgastado.

Comprou briga com o alto clero da Igreja Católica, ao manter-se aliado à maçonaria, bem assim bateu de frente com alguns setores do Exército, com a aplicação de penas de censura.

Paralelamente, crescia a classe média formada por profissionais liberais e comerciantes, que reivindicavam maior participação nos assuntos políticos.

Para além dessas questões, porém, dois pontos foram fulcrais.

Primeiro, que, com a assinatura da Lei Áurea, os barões do café, insatisfeitos com a perda da mão de obra escrava, também se sentiram traídos pela coroa.

Segundo, o descontentamento dos militares, desde o fim da Guerra do Paraguai, que se consideravam injustiçados e buscavam tomar mais espaço no poder.

O mais intrigante, todavia, é que a República foi proclamada pelo marechal Deodoro da Fonseca, monarquista convicto e de lealdade declarada a Pedro II, a quem devia, inclusive, favores.

Como a gota d’água, espalhou-se que o governo tinha ordenado a prisão de Deodoro.

Convencido de que esse boato seria verdadeiro, Deodoro juntou as tropas e proclamou a República em 15 de novembro de 1889.

E assim nasceu a nossa República: uma intervenção militar, sem nenhuma participação popular.

Para o historiador Frank D. McCann, “a intervenção militar na política e na sociedade é sinal de fraqueza tanto do Estado como da sociedade”.

Sobral Pinto também faz uma análise interessante.

Segundo ele, o fato de a nossa República ter sido proclamada por militares os faz sentirem-se, até hoje, como os verdadeiros “donos da República”.

Vale a reflexão.

Valeu, gente!

Um bom feriado a todos!
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