Eis mais um personagem do flagelo humano da escravidão.
Por cerca de trezentos anos, não havia saneamento básico nas cidades brasileiras.
Então, a urina e as fezes da elite colonial eram transportadas para serem despejadas no mar ou em rios por escravos que carregavam os dejetos em grandes tonéis nas costas.
Durante o percurso, parte do conteúdo desses tonéis, cheios de amônia e ureia, escorria sobre a pele, deixando, a partir da reação química que se formava, listras brancas sobre as costas negras desses escravos.
Em razão dessas listras, esses escravos eram conhecidos como “tigres”, passando a sofrer o distanciamento das pessoas.
Segundo Gilberto Freyre, a facilidade de dispor de “tigres” e o seu baixo custo retardou a criação das redes de saneamento nas cidades litorâneas brasileiras.
O Recife, por exemplo, teve “tigres” até a década de 1880.
Não há como fugir desta constatação: a escravidão é a mãe de todos os males da sociedade brasileira.
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