“Tempos Bicudos” – José Maria Aragão.

Eu deixei Vitória  em 1950, mas ainda me lembro dos problemas que meu pai teve de enfrentar, como Prefeito, entre 1942 e 1944. Durante a segunda guerra mundial, em virtude do torpedeamento de vários navios cargueiros do Brasil por submarinos alemães na costa brasileira, houve racionamento de bens essenciais como carne de charque (produto de grande consumo entre a população pobre), gás de cozinha, gasolina etc e os prefeitos eram responsáveis locais pelos estoques desses produtos. A pressão popular e dos revendedores era muito forte. Administrar esta situação, sem ceder à corrupção ou às pressões políticas não era fácil.

 Nessa conjuntura, meu pai,  José Aragão, com os parcos recursos da Prefeitura de então, ainda conseguiu realizar os trabalhos básicos de terraplenagem e pavimentação da Praça Dom Luiz de Brito, cabendo ao seu sucessor construir os jardins e inaugurá-la com direito à respectiva “placa”;  o antigo Canal do Roncador, então um imundo riacho, onde se jogava todo tipo de detritos, e que começava na zona do meretrício (Rua do Sapo) e ia até a Estrada Nova (hoje Rua Melo Verçosa), foi canalizado e pavimentado, constituindo o que é hoje a Avenida Mariana Amália. Para isto a Prefeitura teve de desapropriar muitos imóveis comerciais enfrentando grande reação dos respectivos proprietários.

Estes são apenas alguns pontos de que me recordo daqueles tempos ”bicudos”, quando eu ainda não havia completado os meus dez anos, mas que me deixaram vivas lembranças.

José Maria Aragão.

 

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