CÔNEGO AMÉRICO PITA – José Maria Aragão.

Meu pai, José Aragão, passou dos 12 aos 20 anos, no Seminário de Olinda, estudando para ser um sacerdote católico. Ao sair, um mês antes da ordenação, conservou e procurou transmitir aos filhos a formação que recebeu. Recordo-me que eu e meus irmãos, no único dia da semana em que poderíamos dormir um pouco mais por estarmos desobrigados de ir à escola ou ao Ginásio, os domingos, éramos despertados às 4h30 da madrugada para assistirmos a missa do Padre Beltrão, às 5h, na Igreja do Rosário, que ficava em frente à nossa casa, na Praça Dom Luís de Brito.Quando, por alguma razão, não íamos a essa Missa, tínhamos de assistir a das nove horas na Matriz de Santo Antão, celebrada pelo respectivo Vigário, o Cônego Américo Pita.

Recordo os famosos “sermões” do Vigário, que não se limitavam à leitura e interpretação do Evangelho,  mas incluíam um comentário, quase sempre enérgico, sobre a vida da cidade em seus diversos aspectos, mas, sobretudo, em matéria de moral e costumes. Nesses “sermões”, nada era poupado: atos administrativos da Prefeitura, práticas comerciais (preços), indumentária feminina, enfim, ao final do “sermão“, um bom jornalista teria economizado muito do seu tempo para comentar os fatos da sociedade vitoriense.

A esse rigor “tribunício”, o Padre Pita, como ele preferia ser chamado, era um interlocutor atualizado, também, sobre a temática nacional, o que tornava os seus “sermões” instrutivos para os jovens que os escutavam e uma fonte para as redações escolares da época. Saudades do Padre Pita.

José Maria Aragão.

 

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