SOBRE A BREVIDADE DA VIDA – por Sosígenes Bittencourt

O ser humano é um animal sem solução. Ele tem sempre a impressão de que há algo de errado consigo mesmo. Sobretudo quando submetido à angústia de que a morte é o horizonte da vida.

Todo ser humano tem um livro escrito na memória que vai folheando, folheando… Às vezes, desprende um aroma. É o passado intrometendo-se na vida da gente, o passado sempre presente. O passado que se alonga, e o futuro que vai se tornando cada vez mais curto.

A brevidade da vida relembra o poeta romano Horácio (65 – 8 a.C.), agoniado com a fugacidade do tempo: Eheu! fugaces labuntur anni!: Ai de nós! os anos correm céleres.
Tudo que nos mantém vivos, nos mata. Sem o oxigênio, morreríamos; por causa do oxigênio, morreremos. Sem colesterol, morreríamos; por causa do colesterol, morreremos. Se não comêssemos, morreríamos; porque comemos, morreremos. Tudo que nos faz viver corrói a vida. Tudo que auxilia na vida, auxilia na morte.

O filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) referiu-se ao tempo de vida: Um minuto de vida é idade suficiente para morrer.
Efêmero abraço!

Sosígenes Bittencourt

 

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