Apurado os últimos votos do 2º turno das eleições municipais, em 57 municípios brasileiros, hoje, no mundo pragmático dos políticos, é dia de balanço! Entre créditos, débitos e abstenções o eleitor, na sua vontade soberana, produziu o verdadeiro relatório final, ou seja: uma espécie de “consultoria real” para o chamado reposicionamento político programático. Com efeito, por exemplo, o partido dos trabalhadores, desde 1985, pela primeira vez não irá governar uma capital estadual. Na outra ponta o bolsonarismo, tão evidente em 2018, já deu alguns sinais de certo esgotamento.
Na terra dos altos coqueiros, onde apenas duas disputas ficaram para o 2º turno – Recife e Paulista -, podemos dizer que a vitória nas urnas do candidato que representou a Coligação da “Frente Popular do Recife”, João Campos (PSB), acabou, no meu modesto entendimento, alimentando algum tipo de esperança políticas na nossa “aldeia” – Vitória de Santo Antão.
Não obstante as novas e antigas lideranças políticas locais pertencerem a partidos que integram o núcleo da “Frente Popular” (MDB, PDT, PP,PSD e PSB), que tem como líder maior o Governador Paulo Câmara, certamente esses atores políticos estarão se “digladiando”, em 2022, no plano local. Lembremos, também, que Vitória é um dos maiores colégios eleitorais do interior do estado e que portanto sempre recebe uma atenção especial na observação do mapa geo-político estadual.
Três vereadores eleitos encabeçam essa lista: André Carvalho (PDT), Doutor Saulo (PDT) e Carlos Henrique (PP), certamente, serão convocados à disputa estadual. O primeiro à ALEPE e os outros dois à `Câmara Federal. A direção regional do PDT e do PP, possivelmente já os tem numa provável lista de candidatos.
Prefeito eleito pelo MDB de Alexandre Ferrer, Paulo Roberto, em função da nova conjuntura, será obrigado a jogar suas fichas na candidatura do deputado federal Raul Henry, assim como num candidato a deputado estadual indicado pelo seu novo partido – MDB – isso se chama reciprocidade partidária.
Já o ex-prefeito Elias Lira e o seu filho, deputado Joaquim Lira, ambos pertencentes ao Partido Social Democrático (PSD), voltarão a se “abraçar” – em Vitória – com o deputado federal André de Paula. Essa é uma configuração dentro da nova lógica partidária, uma espécie de “agenda impositiva”,
Maior beneficiário do resultado da eleição do Recife, encerrada ontem (29), por assim dizer, seria o atual prefeito Aglailson Junior. Se fizermos um rápido retrospecto, nos últimos pleitos, logo veremos que os “Querálvares” sempre “dobraram” em Vitória (seu principal reduto eleitoral) com os candidatos a federal “oficial” do PSB – Miguel Arraes, Eduardo Campos, Ana Arraes, Felipe Carreiras e João Campos.
Assim sendo, João, eleito prefeito do Recife, deverá ceder uma parcela “dos seus” mais de 460 mil votos obtidos em 2018 – ao cargo de deputado federal -, para completar a votação do provável candidato a deputado federal e aliados das antigas, Aglailson Junior, que deverá ser bem votado na sua principal base eleitoral – Vitória – e, dobrando e costurando votos com o filho, deputado estadual Aglailson Victor, em várias outras cidades pernambucanas, tentará algo inédito no seu grupo que, diga-se de passagem, nem seu pai conseguiu, ou seja aterrizar na Capital Federal , em particular na Câmara Federal, através do voto popular.
Por mais que o internauta possa pensar e dizer, com razão, que acabamos de sair de uma eleição e já estamos falando noutra, gostaria de afirmar que na cabeça dos políticos é exatamente assim que a “banda toca”. Ou seja: não existe espaço vazio para pensar em outras coisa.
Portanto, estejamos atentos aos movimentos dos atores políticos locais. Esse é o jogo que eles sabem e gostam de jogar, isto é: a novela política da vida real. Realcemos, porém, que política não é uma ciência exata. Aliás, lembremos de um adágio popular que diz que “política é a arte de pondera o imponderável”.