– Eis a minha lenda!… Foi assim:
– Lá, no Eden, de um dia já no fim,
quando fora, pelo Eterno, prometido
um Salvador ao mundo já perdido…
de Adão, sulcando o rosto, deslizaram
duas lágrimas que, dos olhos lhe brotaram.
Nisto um Anjo de extrema formosura,
condoído da triste criatura
e, por ela resolvendo interceder,
a lágrima tenta, lesto, recolher!
Mas… eis que, do Anjo, a taça recusando,
as lágrimas tremendo, tremendo, gotejando…
caiem! e… se infiltrando, na terra, lentamente,
em flores, transformaram-se de repente!!!
E quando a Aurora o Céu, vinha dourando,
As florinhas foram se multiplicando
roxas uma, outras tinha a alvura
das almas trescalantes de candura.
– Foi assim, a Saudade originada
da primeira lágrima derramada!
(SILENTE QUIETUDE – ALBERTINA MACIEL DE LAGOS – pág. 39).