Literatura Aberta – Escreveu: Ronaldo Sotero – OSMAN LINS: O Vitoriense “Estrangeiro”

No momento em que auspiciosas notícias sopram da Vitória de Santo Antão a respeito de lançamento dia 24 de abril próximo, de livro “Imprevistos de Arribação: Publicações de Osman Lins nos Jornais Recifenses, organização de Ana Luiza Andrade, Rafael Dias e Cristiano Moreira, nada mais procedente que sugerir a criação do Dia Osman Lins, através da Câmara Municipal do município.
Esse vitoriense nascido na Rua do Rosário em 5/7/1924 e falecido em São Paulo em 8/ 7/1978 ,vencido por longa enfermidade, aos 54 anos, até hoje não foi superado em sua terra natal por qualquer outro nome na literatura, com sua extensa obra traduzida para vários idiomas.
Coube ao americano Gregory Rabassa, ex-professor da Faculdade do Queens e da Universidade de Nova York, falecido aos 94 anos, o grande “estouro” de autores latino-americanos no mercado internacional, incluindo Osman, de quem foi tradutor. Segundo Rabassa, tradutor também de Machado de Assis, Jorge Amado, Guimarães Rosa, além de mais de 40 títulos para o português e espanhol, incluindo o peruano Mario Vargas Llosa, Osman Lins é considerado um dos três maiores nomes do romance latino-americano, ao lado do Prêmio Nobel, o colombiano Gabriel Garcia Márquez, autor de” Cem Anos de Solidão”, e do argentino Júlio Cortázar, “O Jogo da Amarelinha”.

O romance Avalovara, de 1973, traduzido para o inglês, foi do professor Gregory Rabassa, que chegou morar durante dois anos, no Rio de Janeiro nos anos 60, depois de receber uma bolsa de estudos culturais da Universidade de Columbia. Ele foi ainda oficial de inteligência e criptógrafo durante a Segunda Guerra Mundial.
Osman cultivou praticamente os principais gêneros literários, passando pelo romance, conto, narrativa, teatro, a exemplo de “Lisbela e o Prisioneiro”, de 1961, levado ao cinema. A peça também foi adotada no vestibular da Unicamp, na prova de literatura do Vestibular.
A Universidade de Brasília criou o Grupo de Estudos Osmanianos, com destaque ao livro ”O Nó dos Laços”, de 2013, reunião de ensaios sobre o vitoriense, com vários professores daquela instituição”.
De origem humilde como Machado, Lima Barreto, Osman Lins superou seus limites na construção de uma obra universal, a partir de um refinado emprego da palavra, da ideia, do sentimento, no inesgotável mundo da ficção.
Devo externar a gratidão a esse prolífico autor, por despertar meu interesse aos estudos literários e pela continuidade em acompanhar seus livros, dos conservo todos, inclusive as obras em língua estrangeira.
Em dezembro de 2018, o jornal O Estado de São Paulo, no caderno “Aliás, Literatura”, dedicou página inteira sobre o relançamento pela Editora UFPE, de “Problemas Inculturais Brasileiros”, em dois livros, organização Fábio Andrade, que impressionam pela atualização dos temas, apesar de escrito entre 1977 e 1979.
Para o jornal paulista, cinco livros são essenciais na obra de Osman Lins: O Fiel e a Pedra (1955); Avalovara (1973), Lima Barreto e o Espaço Romanesco (1976); A Rainha dos Cárceres da Grécia (1976) Do Ideal e da Glória (1977).
A máxima de que “santo de casa não faz milagres”, em Osman Lins não prosperou. Ele fez milagres em sua terra natal e alhures, mediante a habilidade na construção da palavra no mundo da literatura.

 

Ronaldo Sotero

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