Antão Borges Alves – por Pedro Ferrer

No dia 5 de novembro de 1866 surgia em nossa cidade o primeiro jornal, “O Vitoriense”. Seu criador, Antão Borges. Filho de Paulo Borges Alves e de Antônia Borges Cunha, nasceu o menino Antão em setembro de 1844. Remarque-se que Antão tinha quinze anos por ocasião da visita da Família Imperial. Essa visita marcou seu espírito.

É lugar comum os biógrafos afirmarem que seus biografados eram alunos dedicados, inteligentes, que tinham pendores pelas artes e a que a veia poética aflorava em todos seus escritos.

Com Antão Borges, não quero cair nesse lugar comum. Antão Borges provou seu amor às letras, quando ainda jovem, já casado, com apenas 22 anos, juntou uns trocados e partiu para Recife para as compras.

O que pretendia comprar aquele jovem?

Compras, nada comum, a um jovem de sua idade e de sua época, que procuraria por uma cartola, uma bengala de marfim, um broche de ouro para gravata, sapatos italianos, lenços de seda…

E que compras tão curiosas foram essas?

Uma impressora e tipos tipográficos. Seu sonho de adolescente tomava forma, imprimir um jornal. Um jornal com oficina própria, independente. A estrada de ferro ainda não existia. Tudo  transportado em lombo de burro.

No dia 5 de novembro de 1866 fazia Antão Borges circular na Vitória “O Vitoriense”. Seu pequeno jornal era um semanário noticioso e comercial, custando a assinatura anual 12 contos de reis. Em 1870 substituiu “O Vitoriense” pelo “Correio de Santo Antão” que permaneceu no prelo até 1875. No ano seguinte voltou a imprimir “O Vitoriense”. Sua edição foi interrompida com a partida de Antão Borges, em 1878, para Glória do Goitá, onde foi exercer o cargo de Tabelião Público. Quando ainda residente na Vitória ocupou uma cadeira na Câmara Municipal pelo Partido Liberal.

Na cidade da Glória do Goitá continuou sua lida jornalística. Tratou de montar sua pequena tipografia e publicou no dia 8 de fevereiro de 1879 “O Goitaense”, primeiro jornal da cidade, periódico imparcial que tinha como um dos seus objetivos alfabetizar a população. Do seu casamento com Antônia Donata teve vários filhos, entre eles o coronel Antão Borges Júnior, coletor fiscal e prefeito da Glória do Goitá nos anos 1920-1924.

Antão Borges, o bravo vitoriense, falecido em agosto de 1918, na cidade da Glória do Goitá, deixou-nos um magnífico legado. Só os iniciados na cultura vitoriense têm a sensibilidade de conhecer o extraordinário trabalho realizado por Antão Borges Alves e os benefícios à cultura vitoriense, atrelados à criação do “O Vitoriense”.

Pedro Ferrer

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