Justiça à margem da Lei – por Sosígenes Bittencourt.

A Justiça é cega, mas os homens é que se negam a enxergar o Direito. Marcos Mariano da Silva, perante Themis, a deusa de olhos vendados, não tinha cor, credo nem classe social. Mas, os seus algozes o viam como ex-mecânico, homem sem posses, riqueza, desprovido de beleza. Marcos Mariano não tinha nada que chamasse a atenção dos causídicos, nada que os seduzisse, por isso foi vilipendiado. Porque não há desprezo maior do que você negar justiça a quem merece.

Marcos Mariano não passou 19 anos preso, como inocente, sem que a Justiça o soubesse. Porém, a Justiça só se faz pela ação do homem. E onde estava esse homem? Quem são esses pérfidos indiferentes? A Lei, enquanto teoria, é apenas uma flauta, alguém terá de soprá-la.

Embora cego, Marcos Mariano sabia a verdade, enxergava dentro, mas era um Tirésias esquecido. Como confiar naqueles que lhe negaram a liberdade? Como acreditar na Justiça nas mãos de quem a nega? Porque Marcos Mariano da Silva não foi tratado como marginal, a Justiça foi que agiu à margem da Lei. E de que adianta, agora, indenizá-lo, se ele está morto? Cegou dentro do presídio e morreu sem enxergar a liberdade. Morreu sem poder ver as noites e os dias. Como imaginar que o ex-mecânico Marcos Mariano foi torturado até a morte por aqueles que tinham o dever de lhe conceder o direito de viver?

Vilipendiado abraço!

Sosígenes Bittencourt

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