O legado musical do médico e compositor Luiz Guimarães

Recentemente, através de uma postagem no Facebook de um amigo, tomei conhecimento da contribuição musical do médico Luiz Guimarães. Tem muita gente boa espelhada pelo nosso Pernambuco. Abaixo, segue a postagem na íntegra.

SOBRE O MESTRE LUIZ GUIMARÃES

Neste início de 2018, gostaria de render uma breve homenagem a Luiz Guimarães, que, em poucas horas de conversa e muitas mensagens trocadas pelo celular, ensinou-me um bocado no final de 2017.

Luiz Guimarães é compositor, excelente pianista, produtor musical e médico. Com 74 anos de idade, completados no último dia 5 de dezembro.

Confesso que, até o início de do mês passado, apesar de já lhe ter uma grande admiração, como compositor de Frevos e como articulista do Diário de Pernambuco e do Jornal do Commercio ao longo de décadas, não tinha a exata dimensão da sua importância para a nossa Cultura.

Eis que, no dia do seu aniversário, como tenho feito com a maioria dos Mestres do Frevo, fiz-lhe uma singela homenagem, com um texto no Facebook, imediatamente objeto de seu gentil agradecimento e muitos comentários positivos e felicitações de vários de seus amigos.

Para surpresa minha, poucos dias depois, recebi uma mensagem de Luiz, convidando-me para receber de suas mãos um livro com a sua biografia e alguns CDs de músicas suas. Muito feliz com a oferta, poucos dias depois, num final de tarde, compareci à sua residência, na Madalena.

Qual não foi a minha satisfação por, além de receber o livro-biografia e 3 CDs seus, ainda ter sido honrado com uma agradável conversa de 2 horas de duração, em que me contou boa parte da sua vida profissional como médico, compositor, produtor musical e funcionário do Banco do Brasil (já aposentado e contemporâneo do meu sogro, Nogueira, com quem já teve várias disputas de sinuca na AABB). Além disso, muito hábil com o seu piano de cauda, tocou algumas de suas composições e outras de Tom Jobim.

Difícil descrever a sensação. Ao mesmo tempo, descobri em Luiz Guimarães diversas facetas: anfitrião de primeira linha; figura humana de um amor incondicional à família; compositor de um ecletismo imenso, que, além de frevos-canção, compõe frevos de rua, frevos de bloco, boleros, sambas, bossa-nova, chorinho, jazz etc.; e produtor musical a quem se deve a maior parte do registro fonográfico de frevos e outras músicas da terra ao longo dos últimos 25 anos.

Para se ter uma ideia, em fins dos anos 90 e início dos anos 2000, produziu os 4 volumes de CDs FREVOS DE RUA – OS MELHORES DO SÉCULO, uma das maiores contribuições, de todos os tempos, ao frevo de rua. Sob a batuta do Mestre-Vivo Maestro Duda e sua Orquestra, Luiz Guimarães selecionou, resgatou e gravou, com excelente qualidade de estúdio, 67 grandes frevos de rua, boa parte dos quais já se encontrava em esquecimento.

Além disso, além de frevos de rua, produziu e gravou creio que mais de 50 CDs de: choro pernambucano, frevos de bloco de Getúlio Cavalcanti, do Coral Edgard Moraes e do Bloco das Flores; frevos de Capiba (com a Orquestra Super Oara), valsas, choros, maracatu e noturno de Capiba; Caboclinhos; Côco; Banda Sinfônica do Recife; SAGRAMA (que descobriu, produziu e gravou); etc.

Diante de tamanha contribuição ao registro fonográfica da nossa música, até comentei, há algumas semanas, com o jornalista e escritor Carlos Eduardo Amaral que estava considerando Luiz Guimarães o José Rozenblit das últimas décadas. Ocorre que, alguns dias depois desse comentário, ao começar a ler o seu Livro-Biografia, descobri, na pág. 79, que a Revista Continente Multicultural, da CEPE, numa edição de 2004, já o tinha comparado a José Rozenblit.

E por falar no seu Livro-Biografia, tenho que dizer que Vanda e Renato Phaelante estão de parabéns pelo belíssimo texto. LUIZ GUIMARÃES – UM MENINO DE SÃO JOSÉ – VIDA & OBRA é leitura obrigatória – e super agradável – para quem quer conhecer a vida de um grande mestre da nossa rica cultura. Ao descrever, por exemplo, a infância de Luiz Guimarães, o texto nos faz viajar poeticamente por um Recife que deixou saudades em todos os que viveram os anos 40 e 50 em nossa bela cidade. Uma saudade que atinge até a quem nasceu depois, mas a sente simplesmente ao ver as fotografias e ouvir as histórias e estórias do Recife de antigamente!

Lembrei-me imediatamente de um texto de Luís Nassif, “Saudades de Recife”, publicado na FSP, edição de 24.12.2000. Ao descrever sobre a emoção que sentiu ao escutar um CD de Frevos de Bloco com que uma amiga olindense acabara de lhe presentear, Nassif escreveu que “foi Pernambuco quem moldou a parte mais característica da alma brasileira, a saudade. Ninguém cantou a saudade como o Recife.”

Finalizo: ninguém contribuiu tanto com o registro da nossa boa música pernambucana, nas últimas 3 décadas, quanto Luiz Guimarães!

Segue uma pequena mostra de músicas de Luiz Guimarães:

1. Esporão do Galo:

2. Valsa Jazz LUIZA – interpretada pelo Quartet Podsky, com Amaro Freitas ao piano:

3. Noturno O SONHO DE ANA – Arranjo de Clóvis Pereira – interpretada pela Orquestra Sinfônica do Recife, com Fernando Muller ao piano:

4. Frevo-canção “SABOR DE FREVO”, na gravação original, com voz de Valmir Chagas, o Veio Mangaba:

PARABÉNS, LUIZ GUIMARÃES! RECIFE LHE DEVE MUITO! VIVA O FREVO E TODA A RICA CULTURA PERNAMBUCANA!!!

4 pensou em “O legado musical do médico e compositor Luiz Guimarães

  1. Minha nossa! Resolvi pesquisar o compositor de uma música do Luiz Gonzaga e cheguei a rica descoberta desse pernambucano. Sorte a nossa viver na mesma era dessa ilustre personalidade.

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