São João da Vitória: com esse modelo de festa é jogar dinheiro fora!!

Apesar da alardeada crise financeira, Pernambuco manteve a tradição e  festejou “com força” o seu São João. As festas em algumas cidades, ainda seguem nesse final de semana. O centro das atenções – em 2017 – foi a  polêmica no estilo musical. Artistas regionais, com toda razão, reivindicaram seus espaços, em detrimento aos chamados “sertanejos”.

Pela imprensa acompanhei as movimentações em Pernambucano. Na Capital do forró, terra do Mestre Vitalino,  a “bola fora” ficou por conta da apresentação do Dj Alok, no palco principal da festa, na noite de São João. O papelão do ator global, Fábio Assunção, acabou dando publicidade para todo território nacional dos festejos juninos de Arcoverde. Na cidade mais importante do Sertão do Estado, Petrolina, os violeiros deram um show especial. Mas, no meu modesto entendimento,  foi o prefeito da vizinha cidade de Gravatá,  Joaquim Neto,  que, com sua visão administrativa e interlocução política, melhor planejou e faturou com a festa.

Com uma rede hoteleira estruturada, Gravatá atendeu todos os públicos: desde o povão, na rua, aos “Vips”, nas respectivas propriedades. Lá, a festa é montada com inteligência e lógica. Seguindo nessa sequência, em breve, tornar-se-á uma das referências mais consistentes do nosso estado. Um evento festivo que propicia oportunidade e ganhos econômicos para toda cadeia produtiva do município, tanto para os grandes empresários como para os nativos, que vai desde as faxineiras ao acendedor de fogueira, dos barraqueiros aos artistas locais foi, indiscutivelmente, torna-se  EVENTO CONSISTENTE!

Já na nossa cidade, Vitória de Santo Antão, diferentemente do carnaval, nunca tivemos tradição nos festejos juninos. Tivemos sim, lá atrás, festas de salão sequenciadas, realizadas nos  Clubes  “O Leão” e “O Camelo” , assim como na AABB, o famoso Forró do Namorados – já em outros tempos.

Tivemos também, há mais ou menos duas décadas, um movimento expressivo nas chamadas “quadrilhas estilizadas”. Nada mais que isso, além, claro, de muita fogueira e a exportação da mercadoria mais valiosa do mês de junho, isto é:  o milho verde.

Portanto, no quesito São João, somos ainda uma página em branco, a espera  de um prefeito que goste de festa, que tenha condições de entender o sentido amplo dos eventos tradicionais  e que, naturalmente, seja portador de uma visão macroeconômica com   capacidade para transforma  uma festa  em oportunidades sustentáveis  para os que querem , precisam e desejam empreender.

Nesse contexto, não obstante a prefeitura haver promovido três dia seguidos de festa no Pátio de Eventos Otoni Rodrigues, um “rela bucho” no distrito de Pirituba e um evento voltado para grupos da chamada 3ª idade, no Pátio da Matriz,  no meu modesto entendimento, considero que o prefeito Aglailson Junior e sua equipe perderam uma ótima oportunidade de marcar um “gol de placa”, na sua incipiente administração, ou seja: no seu primeiro São João.

OBS: O evento voltado para o público da 3ª idade, se bem planejado e com sequência aprimorada, poderá ser usado como um bom cartão de visita para nossa cidade, no que diz respeito aos festejos juninos.

Já ficou mais do que provado que esse conceito de evento,  para atrair multidão, obrigatoriamente,  passa por altos  investimentos, principalmente em estrutura e  atrações “de peso”, o que demanda, “sangrar o erário”, ou seja: o DINHEIRO PÚBLICO.

Também ficou provado, nas duas últimas gestões administrativas – Governo Que Faz e Governo de Todos – que os nossos atores políticos, juntamente com suas respectivas equipes,   são despreparados para o planejamento. Não tem trânsito em Brasília e muito menos interlocução com a iniciativa privada, para captar recursos e transformar o evento em noticia.  À falta de sequência e o descompasso, nas mínimas iniciativas que tiveram, ao meu vê, foram, entre tantas outras, as principais  “chagas” para o insucesso. Foram quase duas décadas de investimentos errados e perdidos beneficiando  apenas uns pouquíssimos “atores sabidos”. A prova está aí: apesar de todo dinheiro investido, continuamos sem nenhuma marca para o nosso São João, o legado deixado, podemos definir como  “UM CONJUNTO VAZIO”.

Imagino que para as festas juninas antonenses devemos avançar por outras frentes, inclusive, gerando e incentivando algumas culturas nossas, regionais e  que encontram-se adormecidas, que aliás custariam bem menos aos cofres públicos e que promoveriam oportunidades para os nossos artistas pudessem alavancar seus respectivos trabalhos.

Por exemplo:

Já pensou se durante os festejos juninos a prefeitura saísse desse modelo de festa engessada (shows com artistas que nada representam os festejos juninos) e  investisse num grande evento com violeiros renomados de todos Nordeste? Inclusive, documentando-o  e gravando um DVD, com uma  superprodução,  para que se pudesse mostrar essa cultura para todo Brasil? Em poucos anos, nossa cidade seria uma referência no gênero e seria, inevitavelmente,  invadida por turistas  de todas os estados da nossa região. Pessoas que viriam se hospedar e passar vários dias na cidade.

Evento religiosos, reverenciando os três santos católicos do mês de junho é algo ainda muito pouco  explorado pelos festejos juninos na nossa região. Vitória poderia ser uma referência, caso houvesse um investimento consistente, juntamente com toda comunidade católica.

Promover um grande festival INTERNACIONAL  de mamulengos e seus afins! Investir em quadrilhas estilizadas, bancando as despesas e premiando-os. Além do incentivo local, esses grupos circulariam  por todo estado se apresentando e ganhando dinheiro. É assim que se deve investir o recurso público, para gerar renda para a cidade e seus filhos e não se pagar “rios de dinheiros” para cantores e bandas que nada tem haver com as nossas tradições  juninas, como foi o caso do último sábado (24) – noite de São João – que subiu no palco, aqui em Vitória, a cantora Musa do Calypso. Aí eu pergunto: O que somou para nossa cidade? Qual o legado ficou?  Que referencia teremos, no futuro, desse dinheiro investido?

Concluo essas observações dizendo que a prefeitura da nossa cidade precisa investir nas festas tradicionais com mais racionalidade, mais planejamento e coerência, se não, tal qual às gestões anteriores, estaremos, doravante, novamente,  JOGANDO DINHEIRO PÚBLICO FORA. Aliás,  se somarmos toda essa farra – décadas de investimentos errados – veremos o quanto de milhões de reais foi investido errado e sem planejamento na nossa cidade… Que no próximo São João a prefeitura local procure investir o nosso dinheiro com mais critério e serventia…

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