Roda de Capoeira na Matriz: um símbolo de resistência de uma das matrizes do povo brasileiro.

Ao observarmos uma “roda de capoeira” no Pátio da Matriz, por exemplo, cena comum para os dias de hoje – tal como ocorreu na tarde do último domingo (30) – não é fácil entender, excluindo-se aí os envolvidos com a causa, que por trás dessa alegre ritualística exista uma história com forte carga cultural marcada, aliás, por muito simbolismo, luta intensa, preconceito demasiado e, ao longo do tempo, muitas vitorias transformadora.

Se nos dias atuais a capoeira, aos olhos dos mais velhos e conservadores, ainda é vista pelas lentes enviesadas da discriminação, fruto histórico da perseguição e da proibição do passado, o mesmo não podemos dizer do reconhecimento e da magnitude representativa que a mesma alcançou, no nosso País e fora dele.

A origem dessa verdadeira e legitima expressão nacional que nos apresenta um pouco de arte marcial, dança, esporte e musicalidade, remonta, na sua essência, um pouco do ritual que ocorria no Continente Africano, mais precisamente na região de Angola. Naquela ocasião – Século  XVII – comemorava-se  a iniciação dos jovens da tribo na vida adulta. Lá, ocorria, então, lutas com os guerreiros mais velhos e experientes, sempre animadas e marcadas pelo som dos atabaques. O vencedor tinha o direito de escolher, sem ter de pagar o dote, uma noiva entre as jovens que estavam sendo iniciadas à vida adulta.

Pois bem, com a intensificação do tráfico negreiro, estabelecido pelos invasores Europeus entre suas colônias – África e Brasil – formou-se, então, um fortíssimo elo étnico  que, juntamente com os índios e português, constituíram-se na base da miscigenação e formação da nação brasileira – apesar de toda negação e perseguição da Igreja Católica, à época.


Nesse contexto a capoeira surgiu e ganhou força, na medida em que os negros escravizados, mesmo em maior numero, precisavam se defender dos colonos (capital do mato) armados e amparados pelas Leis vigentes. Nas senzalas e principalmente nos chamados “quilombos” a capoeira ganhou força e espaço para se desenvolver.

Com a libertação dos escravos, em 13 de maio de 1888, através da Lei Áurea, onde o negro foi “entregue a própria sorte”, uma vez que o debate central se ateve ao direito ou não de indenização aos senhores proprietários dos escravizados,  os negros formaram uma grande massa de indigentes, vagando pelos grandes centros urbanos e, consequentemente,  juntamente com a capoeira, discriminados mais uma vez.

Nas primeiras décadas do século passado (XX), aos poucos, a capoeira foi ganhando mais espaço, sobretudo nos grandes centros. Ao longo dos anos a capoeira avançou na qualidade de expressão cultural representativa, inclusive, sendo reconhecida e registrada pelo IPHAN, em 2008, com base nos inventários realizados nos  Estados de Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro,  como “BEM CULTURAL”. Já em novembro de 2014 a “RODA DE CAPOEIRA” foi condecorada pela UNESCO,  como Patrimônio Cultural Imaterial DA HUMANIDADE.

Portanto, para nós brasileiros, a capoeira é uma das mais fortes expressões representativa da nossa gente. Ela representa, entra tantas, uma história de resistência e lealdade às nossas origens. Aos que a rejeitam e a discriminam,  aconselho um pouco mais de tolerância e entendimento histórico. Veja o vídeo:

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