“Os Monges em Folia” mantém tradição carnavalesca e homenageia o presidente do Instituto Histórico, Pedro Ferrer.

Com toda sua irreverência e “pontualidade” a “Companhia dos Monges em folia” abrilhantou a festa do Rei Momo da Vitória, ao desfilar pelo percurso oficial do carnaval, na noite do Sábado de Zé Pereira. Animados pela afinada Orquestra Temperada, da cidade de Chã Grande, os foliões seguiram o representante maior da agremiação, ou seja: o boneco BILÚ.

Além da festa com muito frevo no pé “Os Monges” também promove homenagem em seu desfile.  Esse ano  (2017) o escolhido foi o carnavalesco, escritor, professor e presidente do nosso Instituto Histórico e Geográfico, Pedro Humberto Ferrer de Mores. Veja o vídeo:

Após o cortejo e as homenagens o desfie seguiu com muita animação. Registramos sua passagem pelo Pátio da Matriz. Veja o vídeo:

Na qualidade de “mogeano”,  esse ano (2017),  foi convocado pelo amigo e presidente dos “Monges”, Eliel Pereira (Léo), para redigir o conteúdo que contou um pouco da história do homenageado – Pedro Ferrer. Segue, abaixo, o texto que contou com a minha pesquisa e redação.

DIZ O TEXTO:

Nem só de frevo e fantasia vive o nosso Carnaval, festa maior da terra desbravada por Diogo de Braga. A exaltação da memória é uma ferramenta importante à preservação do nosso Patrimônio Imaterial. Guardar, conservar e difundir fatos culturais, alusivos ao Tríduo Momesco, na República da Cachaça, também é a atividade fim do nosso Instituto Histórico e Geográfico da Vitória. Aliás, diga-se de passagem: MAIOR PROJETO CULTURAL JÁ REALIZADO, EM TODOS OS TEMPOS, NA NOSSA POLIS.

Nesse contexto, “A Companhia dos Monges em Folia”, agremiação carnavalesca que tem no barril uma das suas referências, cuja história retrata fielmente o sentimento da sua diretoria em relação ao carnaval tradicional da nossa Vitória de Santo Antão, neste momento, curva-se em sinal de respeito e reconhecimento a todos aqueles que, ao longo dos últimos sessenta e sete anos, construíram, dirigiram e promoveram o Instituto Histórico e Geográfico da Vitória.

Hoje, na qualidade de timoneiro do guardião oficial da memória antonense, o professor Pedro Humberto Ferrer de Moraes, de maneira brilhante e sintonizado com as novas tecnologias, vem seguindo os passos do eterno Mestre Aragão. Curiosamente, a trinca: Monges, Instituto Histórico e Pedro Ferrer confraternizam-se todos os anos, na Rua Imperial, em plena noite dos sábados de Zé Pereira.

Como figura proeminente, o professor Pedro Ferrer, homenageado pelos “Monges”, no Carnaval 2017, aprendeu como poucos a conjugar a condição de rico e pobre, tanto no mundo lúdico quanto na vida real. No Carnaval, encarnou o Imperador D. Pedro II e também já se fez passar por um pobre marroquino, lá do deserto do Saara.

Na última década, contudo, vem optando por desfilar vestido de Pierrot, com Ivanete, sua Colombina, neste caso, evidentemente, sem a presença do Arlequim, diferentemente da versão original da “commedia dell’arte”, original da Itália e desenvolvida pelo povo francês, cujo idioma, nosso homenageado domina fluentemente. VIVE LITE O CARNAVAL !!

Filho de uma das famílias mais bem situadas financeiramente da cidade, Pedro Ferrer consegue dialogar horizontalmente com pessoas de todas as classes sociais, ou seja: indivíduos das mais variadas origens, tribos e crédulos, indiscutivelmente, característica marcante das pessoas humanizadas, bem diferente do que sugerem os meios de comunicação de massa, que procuram “coisificar” as pessoas e, principalmente, as relações sociais.

Falando, especificamente, sobre a participação do nosso homenageado com o Carnaval, sobretudo o antonense, podemos dizer que Pedro Ferrer começou cedo.

Quando criança, aos 10 anos, ao lado do irmão Biu, dos primos Geninho e Gilson Ferrer, dos vizinhos e amigos Marcos, Cláudio e Roberto Valois, entre outros, criaram uma troça que desfilou pelas ruas da Matriz, empunhando um estandarte de cartolina com a seguinte inscrição: “O Menino Catuca o Veio”- numa referência direta ao trecho musical do sucesso daquele longínquo ano.

Já, como adolescente, o “Pedoca” – apelido de infância – era quem “catucava” o jumento, quando resolveu brincar o Carnaval em cima de um quadrúpede. Essa “Invenção”, naturalmente, contou com a reprovação dos seus pais: Nô e Áurea Ferrer.

Mais adiante, com um pouco mais de juízo, participou da folia, fazendo uma homenagem ao carnavalesco Júlio Mosquito – o famoso morcego do Clube Abanadores o “Leão”. Já adulto, e portando uma barba que lhe dava a aparência do “Beato Salú, presidiu, por quatro anos, o tradicional Clube de Fado Taboquinhas, agremiação que nutre, desde outrora, acendrado amor e admiração.

Nosso homenageado, Pedro Humberto Ferrer de Moraes, chegará “inteiraço”, no próximo dia 16 de julho, aos setenta e cinco anos de idade. Biólogo por formação, professor aposentado, Pedro vem se realizando na produção literária. Intelectual por essência, pesquisador nato, autor de vários livros e escritor premiado pela Academia Pernambucana de Letras, Pedro é, hoje, uma espécie de Patrimônio Vivo da Vitória de Santo Antão.

Para encontrá-lo, com mais facilidade e a qualquer hora, basta dirigir-se ao arquivo do nosso Instituto Histórico. Lá, estará ele, buscando fatos remanescente, fotos em preto e branco e muitas curiosidades da terra que lhe viu nascer, para, na medida do possível, compartilhar com seus irmãos vitorienses.

Quem, hoje, vê Pedro Ferrer, aqui nessa folia, vestido com esse hábito “mongeano”, nem imagina que este cidadão, durante muitos anos, vestiu-se com batina de verdade. Pedro pertenceu à Congregação Religiosa “Irmãos Maristas”. Entre outras coisas, entoou canto gregoriano e rezou em latim. Largou a vida sacerdotal, mas não a fé em Deus e os princípios católicos. Pedro é um homem temente a Deus.

Portanto, para encerrar esta ladainha e começar o passo rasgado, com o frevo no pé, desejamos ao amigo Pedro Ferrer que Deus lhe conceda vida longa e com saúde: os “Monges”, sua família, seus amigos, nossa cidade e, principalmente, o Instituto Histórico e Geográfico da Vitória continuam, como sempre, contando com o seu calor humano, com a sua solidariedade e com a sua vontade desenfreada de promover a Terra de José Marques de Senna.

Parabéns para o nosso homenageado, folião e carnavalesco.

TEXTO E PESQUISA DO HISTORIADOR E BLOGUEIRO, CRISTIANO PILAKO.

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