Não obstante nossa cidade já haver produzido muitas bonecas, para serem vendidas na feira local, num tempo relativamente distante, hoje, a “Boneca Vitória” é a mais famosa, pois acaba de ser homenageada, em música, pelo Compositor Aldenisio Tavares.
Fruto da Ideia e articulação da artista e produtora cultural vitoriense, Herika Araujo, a “Boneca Vitória” surgiu há mais ou menos uma década, dentro de um projeto social que, entre outros objetivos, destinou-se a promover renda para famílias carentes, moradoras das áreas ribeirinhas atingidas pelas enchentes de 2005, na nossa cidade, e também servir como uma espécie de representação do artesanato vitoriense.
Nesse propósito, foram produzidas, através de algumas “bonequeiras” vitorienses, em torno de trezentas bonecas, muitas delas vendidas em feiras, exposições e até no Shopping Center Recife, à época. Passados alguns anos a nossa amiga – a sempre simpática Herika Araujo – contudo, depois da homenagem motivou-se à reeditar o projeto para fazer com que, de fato, a “Boneca Vitória” seja uma das representações da nossa polis. Ouça a música.
Em pleno deserto, oasis.
Eu ouvi essa música pela primeira vez as 06:00hs. Morri de vergonha. Eu não sabia lidar e não sabia como eu poderia receber uma homenagem sem estar a altura. Foi quando a ficha caiu. A homenagem não era minha. Eu era apenas uma intermediária. Todo mérito para ousadia de aos vinte e poucos anos expor um desejo maior de cuidar da minha cidade. Demonstrar publicamente que sentia um desejo de cuidar de fatos ocorridos aqui. Mas não foi algo que surgiu do nada. O exercício da solidariedade aprendi ainda no ventre da minha mãe. Compartilhar, cuidar, ser solidária foi algo extremamente natural em minha criação. Espontaneamente fui dando continuidade e me envolvendo cada vez mais, de uma forma cada vez maior, e com maiores impactos. A Boneca foi minha primeira tentativa de um projeto em proporções municipais. Lançamos e paramos na época por falta das bonequeiras. Minha amiga Isabel foi uma guerreira junto comigo liderando o grupo de artesãs . Eu gostaria de expor publicamente que não tem palavras que possam descrever a minha emoção. E aproveitar para dizer o quanto alimenta a minha alma e me revigora. Não me sinto uma pessoa especial. Entretanto me sinto uma pessoa de sorte por encontrar, nessa breve passagem pela vida, e muitas vezes em pleno deserto, oasis como esse.